“Economizo 50% do meu tempo em relação ao que gastava na lavoura quando não usava o drone. Este é o meu principal ganho.” A declaração, do agricultor e engenheiro agrônomo Daniel de Castro Rodrigues, produtor de soja, milho e gado de corte em Uruana, município da região central de Goiás, a 130 km de Goiânia, reflete apenas um dos motivos pelos quais o mercado desse tipo de aeronave vem crescendo de forma exponencial no campo brasileiro nos últimos anos.
Além de ganhar tempo, há economia de recursos na aplicação localizada de defensivos agrícolas, como herbicidas e inseticidas, e detecção rápida de pragas e doenças da lavoura, algo que o homem – a pé, a cavalo, de moto, carro, caminhonete ou trator – levaria muito mais tempo para fazer. O próprio Rodrigues estima uma economia entre R$ 100 e R$ 150 por hectare no custo operacional de sua lavoura de 300 hectares de soja, em função da identificação, pelo drone, de áreas onde emerge o capim amargoso, resistente ao glifosato. Essa gramínea tem se tornado uma séria praga nas lavouras. De um ano para outro, segundo ele, pode sair de uma infestação de 5% ou 10% da área para 20% ou 30% no ano seguinte, se não for eliminada. “Antes do drone, eu gastava três dias para verificar a área; hoje gasto, no máximo, um dia”, diz ele, que é o operador da máquina, um multirrotor de quatro hélices, 30 cm de envergadura, 2 quilos de peso e autonomia de voo de 25 a 30 minutos.
Últimas notícias
Governo anuncia nesta terça pacote para mudar regras fiscais e cortar gastos. Veja quais são
Bolsonaro assina nesta terça projeto de lei de privatização da Eletrobras
Leilão da cessão onerosa pode não vender todas as áreas, diz ANP
O veículo aéreo não tripulado (vant) de Rodrigues é um dos 4.175 cadastrados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em todo o Brasil, são 76.823 (até setembro), mas o número de drones que voam no País é muito superior a isso, informa o presidente da Associação Brasileira de Multirrotores, Lincoln Kadota. “Qualquer pessoa pode adquirir um drone e não registrá-lo. Por isso, não dá nem para calcular o total”, explica. A entidade que ele comanda tem 1.000 associados, dos quais 65% fazem uso profissional do equipamento, boa parte na agricultura. Levantamento da plataforma MundoGeo Connect, com sede em Curitiba (PR), especializada em drones, estima como número razoável 150 mil drones, ou seja, quase o dobro do que está registrado. De qualquer maneira, em 2015, o número de vants cadastrados na Anac era de 30 mil e mais que dobrou de tamanho em quatro anos.
Vendas em alta
Clientes com necessidade de uso de vants na agricultura têm procurado a Xfly Tecnologia, empresa fabricante de drones em Bauru (SP), que atua no mercado desde 2012 e que desde 2014 tem o forte de suas encomendas (quatro drones por mês, mais de 250 entregues desde o início das atividades) na área agrícola. Um dos sócios da empresa, Youngster Lucas, informa que a demanda tem aumentado de dois anos para cá, na base de 50% ao ano. Segundo ele, a maior parte dos compradores dos equipamentos é de prestadores de serviço, que vão operar os vants em áreas de cana, soja, fruticultura e horticultura.
Crescimento de vendas bem mais significativo, de 150% ao ano, é informado por Fabrício Hertz, executivo (CEO) da Horus Aeronaves, com sede em Florianópolis, SC, que entrega 25 drones por mês, para clientes em todo o Brasil. “Quando começamos, em 2014, eram menos de cinco drones por mês”, diz Hertz. Segundo ele, 70% das demandas vêm de produtores de soja e cana, que buscam aumentar a produtividade seja pela identificação e combate a pragas e doenças seja pela economia proporcionada pela aplicação racional de adubos. Mas cresce também a demanda em grãos (milho e arroz) e algodão. “No início, era só mapeamento de imagens; hoje, avançamos para análise dos dados e consultoria agronômica, pois sistemas mais genéricos não servem mais para os produtores”, diz.
Fonte: “Estadão”