Imagine uma floresta. Lá vive uma zebra e um leão. Quando os dois se encontram, a zebra se sente ameaçada e começa a correr. Por quanto tempo ela conseguirá correr?”. Nesta metáfora, o leão é o ambiente de trabalho estressante; a zebra, o funcionário que precisa lidar com ele; e a moral da história, que ninguém aguenta ficar muito tempo fugindo. É o que defende Leena Johns, VP Global de Healthcare da MetLife. Essa “fuga”, garante ela, não prejudica “apenas” a saúde do trabalhador, mas as finanças da empresa também.
Segundo o artigo Workplace culture: helping or hurting your business, publicado pela Maxis Global Benefits Network, em fevereiro deste ano, empresas que investiram em uma cultura positiva no local de trabalho tiveram um aumento de 682% no crescimento da receita em um período de 11 anos, já as que não o fizeram tiveram um crescimento menor, que não passou de 166%.
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Uma diferença expressiva que, segundo Leena, pode ser associada a fatores como a redução dos gastos com serviços de saúde, a diminuição de faltas entre os funcionários (e, consequentemente, um aumento na produtividade) e a retenção de talentos dentro da companhia. São consequências comuns entre as empresas que apostam na cultura do bem-estar.
Aos que resistem à ideia, a VP lembra que: os gastos com saúde de empresas com uma cultura estressante são cerca de 50% maiores, funcionários desassistidos faltam 37% mais e sofrem 49% mais acidentes e quase metade dos funcionários começa a procurar um novo emprego, se a cultura do local de trabalho for ruim ou tóxica.
“O trabalho não é mais apenas pelo dinheiro. A nova geração já entendeu isso e não quer trabalhar em empresas que vão tratá-los como escravos. Eles querem trabalhar para alguém com quem possam contar mais para frente, caso passem por alguma dificuldade”, diz Leena.
A executiva chama a atenção para o fato de que, antes mesmo de um momento de crise, o funcionário já sofrer com uma atmosfera tóxica de trabalho.
Segundo ela, o estresse excessivo afeta o dia a dia das pessoas e, para contorná-lo, muitas passam a fumar, comer em excesso e beber. São hábitos de vida que aumentam os custos de saúde do funcionário em até três vezes.
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Para se ter ideia, segundo o estudo da Maxis, estima-se que diante de um ambiente tóxico, o funcionário tem um risco três vezes maior de desenvolver problemas cardíacos, dor nas costas, lesões, infecções e problemas de saúde mental, além de um risco cinco vezes maior de ter certos tipos de câncer.
A solução para uma vida profissional mais saudável — e lucrativa? Para Leena, o primeiro passo é colocar a filosofia do bem estar na cultura da companhia. “O problema acontece quando algumas pessoas acham que isso é importante, mas a gerência não concorda”, alerta a médica que reforça: a conexão entre bem-estar no trabalho, saúde dos funcionários e a lucratividade das empresas é direta e quantitativamente comprovada.
Fonte: “Época Negócios”