O Presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse neste domingo que taxas de juros negativas não estão entre as políticas que estão sendo consideradas no momento para manter o nível da atividade econômica nos Estados Unidos, ameaçada pela pandemia do coronavírus, mas disse que estímulos fiscais podem ser necessários. Powell afirmou também que acredita que o crescimento dos Estados Unidos no segundo trimestre será fraco e que o Fed está disposto a usar todas as ferramentas disponíveis para manter a atividade econômica.
— Estamos preparados para usar toda a nossa gama de ferramentas para apoiar o fluxo de crédito para famílias e empresas, ajudar a manter a economia forte e promover nossos objetivos de maximização de emprego e estabilidade de preços.
O presidente do Fed não quis colocar rótulos nas ações anunciadas pelo Banco Central, apesar da similaridade com a política de Quantitative Easing (afrouxamento quantitativo) aplicada pela instituição durante a crise financeira de 2008, que consiste na compra de títulos públicos para injetar recursos na economia. Powell afirmou que, na caixa de ferramentas a ser aplicada pelo Fed, provavelmente não constam políticas de juros negativos.
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— Fizemos um estudo de mais de um ano sobre nossas ferramentas e comunicações. Quando começamos, vimos as orientações futuras e as compras de ativos como os elementos básicos de nosso kit de ferramentas. Não vemos políticas de taxas negativas como provável resposta apropriada aqui nos Estados Unidos.
O presidente do Banco Central americano participou neste domingo de uma coletiva por telefone para anunciar as medidas tomadas para lidar com os impactos econômicos gerados a partir da disseminação do coronavírus.
Durante a coletiva, Powell afirmou que “certamente pode haver a necessidade” de mais estímulos fiscais no país, já que apenas esse tipo de medida tem a capacidade de lidar diretamente com os efeitos do coronavírus para indústrias e trabalhadores.
— Há a questão de um estímulo fiscal mais amplo, e eu acho que isso vai depender do caminho que a economia tomar. Eu acho que há tantas possibilidades diferentes aqui. Algumas são muito difíceis de prever, mas certamente pode haver a necessidade disso.
Injeção de US$ 700 bilhões
Antes da coletiva, o Fed já havia anunciado que iria reduzir drasticamente os juros da economia americana para entre 0 e 0,25%, a segunda medida extraordinária do banco neste mês. A última vez em que os juros da maior economia do mundo operaram neste intervalo foi em 2008, quando o mundo enfrentava a crise global desencadeada pela bolha das hipotecas.
Powell afirmou também que o segundo trimestre da economia americana terá crescimento mais fraco do que o primeiro e que, depois dele, as perspectivas são muito incertas.
— Depois disso, é muito difícil de dizer quão grandes os efeitos serão ou quanto tempo durarão. E isso vai depender, claro, na magnitude de propagação do vírus, que é algo muito incerto, e eu diria, de fato, que não se pode saber.
+ Os caminhos para as reformas
Questionado sobre a possibilidade de deflação, o presidente do banco central americano afirmou que esta não é uma questão no momento.
— Com o coronavírus chegando, nós julgamos que os efeitos líquidos disso serão ter a inflação movendo um pouco mais [para baixo]. Não é uma questão de deflação.
O Fed anunciou no domingo que comprará ao menos US$ 500 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 200 bilhões em títulos lastreados em hipotecas “nos próximos meses”, num total de US$ 700 bilhões.
Fonte: “O Globo”