A fintech Mutual, que possibilita empréstimo entre pessoas comuns, captou 4 milhões de reais por meio da modalidade de equity crowdfunding, em que ocorre um financiamento coletivo feito por vários investidores.
A captação, feita por meio da plataforma de equity crowdfunding EqSeed, foi a maior da história neste formato no Brasil e o valor foi levantado em apenas nove dias. A informação foi divulgada pelas empresas com exclusividade a EXAME.
O recorde anterior era do financiamento da própria EqSeed, também feito via crowdfunding de investimentos, que levantou 2,5 milhões de reais no ano passado em apenas 27 horas.
Com um modelo de empréstimos entre pessoas físicas (e não instituições financeiras, como bancos), a Mutual tem 200.000 usuários ativos, entre tomadores de empréstimos e credores. Tendo pouco mais de um ano de operação, a empresa já intermediou mais de 6 milhões de reais em empréstimos.
Cada investidor colocou, em média, 26 mil reais na empresa. O ticket médio ficou, inclusive, acima da média do que os investidores costumam colocar em financiamentos feitos via EqSeed, que tem ticket médio de 15 mil reais (o investimento mínimo permitido é de 5 mil reais).
A rodada de investimentos da Mutual também bateu outro recorde, sendo a primeira na modalidade de equity crowdfunding a contar com aporte individual de 1 milhão de reais.
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A Mutual pretende usar o investimento para atingir 20 milhões de reais emprestados ainda neste ano e chegar a 1 milhão de clientes nos próximos 12 meses. Para o futuro, o objetivo é atingir faturamento de 6 milhões de reais.
O sócio-fundador da EqSeed, o economista Brian Begnoche, atribui parte do interesse pela Mutual à onda do grande sucesso das fintechs mundo afora e também no Brasil — com empresas como o banco digital Nubank e a fintech de empréstimos Creditas fazendo sucesso entre os clientes e investidores.
O Brasil possui o segundo maior spread bancário do mundo e 80% do crédito está concentrado em apenas cinco bancos. Assim, a Mutual acredita que o empréstimo entre pessoas, atrelado à educação financeira, tem o potencial de mudar esse cenário, segundo o presidente Leonardo Rebitte. O modelo, de acordo com a empresa, pode ajudar a “diminuir os juros, democratizar o acesso ao crédito e levar retornos mais justos para o investidor”.
Adeus, fundos?
A modalidade de equity crowdfunding vem ganhando espaço no Brasil, com investidores interessados em participar do crescimento exponencial de startups e as empresas ansiosas por levantar recursos que financiem seu crescimento.
“Todo mundo vê empresas que hoje valem 1 bilhão e não tiveram oportunidade para investir nelas quando os negócios ainda estavam começando. Imagina quem investiu no Uber quando estava começando?”, diz Brian Begnoche, sócio-fundador da EqSeed. “O problema é que, até então, os investidores não tinham acesso a essas empresas”, afirma.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais, regulamentou a modalidade de equity crowdfunding em 2017. A CVM permite que startups com faturamento anual de até 10 milhões de reais realizem ofertas por meio de financiamento coletivo.
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Empresas que possibilitam a captação de recursos por crowdfunding de investimento, como a Kria e a própria EqSeed, já existem anos antes da regulamentação, mas viram o interesse de investidores e empresas aumentarem. Segundo a CVM, já existem 14 plataformas de equity crowdfunding.
Em 2018, 46 milhões de reais foram captados por meio do crowdfunding de investimentos, mais de quatro vezes o valor captado nos dois anos anteriores, antes da regulamentação.
Só na EqSeed, foram captados no ano passado 12,8 milhões de reais para startups, fazendo da empresa a maior plataforma neste formato. A expectativa é chegar a 36 milhões neste ano.
Fonte: “EXAME”