“Desde o início da minha empresa, há mais de 7 anos, já participamos de 15 corporate ventures. Diria que 80% não passaram de pura encenação corporativa”.
O depoimento acima, de um colega empreendedor, e esse recente texto de Steve Blank foram as inspirações para uma reflexão do atual cenário do investimento de corporações em startups (corporate venture) e como melhorá-lo.
Nos últimos anos, observamos uma crescente no relacionamento entre grandes empresas e startups. Algumas corporações veem o corporate venture como uma alternativa para obter novas capacidades, aproximar-se da forma de pensar empreendedora e implementar inovações que complementem seus esforços de P&D.
Já outras grandes empresas querem apenas acompanhar o calor do momento, ou hype. As startups, por sua vez, buscam uma boa reputação, escalar e desenvolver seus produtos, adquirir conhecimento do mercado, receber mentoria e até receber investimentos ou aquisições.
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É uma conexão assimétrica que apresenta oportunidades, mas também grandes desafios. Apesar de termos diversos casos de empresas que já se conectam com startups, esse ainda é um movimento recente e em amadurecimento em todo mundo.
Os problemas do corporate venture
São várias as dificuldades encontradas nesses programas, segundo pesquisas. As principais são as divergências culturais; a falta de financiamento das Provas de Conceito (POCs) produzidas pelas startups; a ausência de uma equipe dedicada a esse relacionamento dentro da empresa; os desafios mal desenhados; a baixa qualidade no processo de seleção de startups; a falta de métricas; os problemas processuais e de comunicação; uma visão e conhecimento parciais dos processos internos da grande empresa; e a não continuidade dessa relação a longo prazo.
O índice de satisfação dos empreendedores com essa interação retrata esses problemas. Somente 56% dos fundadores de startups avaliam positivamente a experiência.
A nota média atribuída ao comprometimento da grande empresa nos programas é de 6.9 de um total de 10, segundo uma pesquisa realizada pela Endeavor com 293 empreendedores envolvidos com grandes empresas através de aceleração corporativa, eventos, investimentos e criação de negócios (venture building).
O que grandes empresas podem fazer?
Assim como em qualquer relacionamento, o comprometimento com o parceiro é um dos pilares de sucesso. É preciso entender que essa fase complexa e com muitas incertezas faz parte da jornada da inovação.
Até que tenhamos processos excelentes que garantam essa confiança, haverá muitos erros pelo caminho dos corporate ventures. O importante é persistir, aprender e sempre buscar aprimorar a mentalidade, a cultura e os processos das grandes empresas — e o mais rápido possível.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”