Além de projeções já indicarem que o crescimento da economia brasileira poderá ficar na faixa decepcionante de 1% em 2019, começam a surgir estimativas que apontam uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano na comparação com os três meses anteriores, o que não acontece desde o último trimestre de 2016 ( -0,6%).
Dados divulgados na segunda-feira, 15, pelo Banco Central corroboraram essas projeções. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) mostrou que a economia recuou 0,73% em fevereiro ante janeiro – a maior queda desde maio de 2018, mês da greve dos caminhoneiros. Em janeiro, o indicador havia cedido 0,31%.
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Os bancos Fator, Bradesco e Itaú Unibanco são os que estimam declínio do PIB no período de janeiro a março, enquanto outras instituições, ainda que esperem leve alta, não descartam a possibilidade. O PIB do período será divulgado pelo IBGE em 30 de maio.
O Fator projeta recuo de 0,2% para o primeiro trimestre na comparação com o último do ano passado. O economista-chefe do banco, José Francisco de Lima Gonçalves, afirma que os indicadores econômicos de março indicam para um cenário de deterioração. “Tem consumo de energia mais fraco, confiança mais baixa e utilização da capacidade instalada menor.”
O Itaú revisou, na última sexta-feira, sua expectativa para o PIB do primeiro trimestre: de alta de 0,3% para declínio de 0,1%. Com isso, a estimativa para crescimento em 2019 passou de 2% para 1,3%. Em nota, o banco observou que não há sinais de melhora do investimento e que a indústria está estagnada.
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O Bradesco reconheceu que a atividade segue fraca e os sinais de retomada são incipientes. A estabilidade das vendas no varejo e a queda nos serviços em fevereiro são condizentes com a expectativa de retração do PIB de 0,1% no primeiro trimestre, segundo o banco.
Um dos primeiros a estimar crescimento na faixa de 1% em 2019, o economista-chefe da Necton, André Perfeito, por ora, projeta alta de 0,15% para o período de janeiro a março, mas admite que uma queda é possível. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também não descarta um resultado negativo, ainda que atualmente estime alta 0,2%. “O grande entrave é aprovar a reforma da Previdência e resgatar a confiança”, diz. Para Vale, a reforma está “mais demorada, mais difícil e com grande risco de ser pior”.
Segundo o economista Julio Cesar Barros, da Mongeral Aegon Investimentos, a redução da produção da Vale depois do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) é uma das explicações para a decepção no primeiro trimestre. Barros espera uma alta de até 0,2% no PIB do período. “Mas não é o fim do mundo, não é o fim da recuperação econômica. Se o segundo trimestre ficar negativo também, aí realmente o cenário fica complicado.”
Fonte: “Estadão”