O mercado de moedas virtuais vive um momento de ascensão. Há mais brasileiros interessados em comprar criptomoedas do que investir na bolsa de valores. Um levantamento feito pelas três maiores exchanges do país – nome dado às casas de câmbio de criptomoedas – somou 1,4 milhão de usuário cadastrados em dezembro de 2017. Na mesma época, a B3 (bolsa de valores de São Paulo) tinha menos que a metade de pessoas físicas cadastradas (apenas 619 000).
O crescimento do setor vem acompanhado de um aumento no número de queixas dos investidores de criptomoedas. Há reclamações sobre atendimentos ruins, falta de aprovação de novos cadastros, demora na aprovação de depósitos e pouca diversidade de moedas disponíveis. Atenta a esse cenário, a startup brasileira Criptohub resolveu oferecer, a partir de 10 de abril, uma initial coin offerings (ICO), ou seja, a venda de títulos – chamados de tokens – de uma nova moeda virtual, que leva o nome da empresa.
A criptohub (CHBR) é inicialmente comercializada com preço vinculado ao de outra criptomoeda, a ethereum, que já é mais conhecida no mercado. Cada token CHBR é vendido por 0,0005 ethereum, o que equivale a cerca de 20 centavos de dólar. A empresa pretende oferecer até 55 milhões de tokens ao mercado em sua ICO.
Como atrativo, a startup oferece um bônus de 40% para quem comprar sua nova criptomoeda nos primeiros 15 dias de ICO. “Se um investidor comprar 1 000 tokens, por exemplo, ele vai ganhar 1 400 tokens. Também planejamos outros bônus para depois dos primeiros 15 dias, que devem ser entre 25% e 15%”, diz Ramon Vailatti, CEO da Criptohub. Ele espera captar entre 5 e 10 milhões de dólares em 45 dias.
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A casa de câmbio da Criptohub será lançada um mês após a ICO. Além da moeda virtual própria e das já conhecidas, como ethereum e bitcoin, a plataforma permitirá o câmbio de mais 17 outras criptomoedas. “Já vamos nascer como a exchange com o maior número de moedas virtuais. E os usuários que tiverem a nossa moeda na carteira terão descontos de até 90% nas suas operações. Serão descontos progressivos, mas, como a nossa taxa de 0,7% é a mais baixa do mercado, nossos clientes terão taxas muito pequenas para operar suas moedas”, diz.
Até novembro, a Criptohub espera ter 500 000 usuários e movimentar 7,5 milhões de dólares por dia. Após um ano de lançamento, a projeção é ter mais de 1,5 milhão de usuários e uma movimentação de 22,5 milhões de dólares por dia. As perspectivas foram baseadas nos exemplos de casas de câmbio de sucesso fora do Brasil. “Duas exchanges internacionais lançadas recentemente tiveram muito sucesso: a Binance e a KuCoin. Em sete meses, o valor do token das duas valorizou mais de 100 vezes, o que fez com que elas conquistassem uma fatia grande do mercado em pouco tempo. Além disso, a Binance se tornou o unicórnio mais rápido da história”, diz Vailatti. Para ele, o desempenho dessas exchanges pode ser explicado pelo avanço tecnológico que elas apresentam em relação às antigas casas de câmbio de moedas virtuais. As novas exchanges permitem transações ágeis, com maior confiança e melhor atendimento ao usuário, o que chama atenção do mercado. “Queremos fazer o mesmo com a Criptohub no Brasil”, explica.
O objetivo da startup é que as transações da Criptohub demorem, no máximo, 48 horas para serem concluídas. “É comum encontrar exchanges em todo o mundo com prazos estourados, em que o usuário leva até seis dias para fazer um saque. Queremos acabar com isso e garantir um ótimo atendimento dentro dos prazos estabelecidos”, afirma.
Próximos passos
Além da própria criptomoeda e da exchange, a startup pretende lançar em até um ano um cartão de débito pré-pago que pode ser carregado com moedas virtuais. Ele permitirá que o usuário venda suas moedas virtuais na exchange e transfira em reais para o cartão de débito em poucas horas. Assim, ele poderá usar seus rendimentos para pagar contas do dia a dia, por exemplo.
Outro produto será uma ferramenta para que qualquer loja online possa aceitar pagamentos com moedas virtuais. Com previsão para setembro deste ano, esse recurso poderá ser instalado em qualquer plataforma de pagamento de e-commerce. Por ser integrado com a exchange da Criptohub, o valor será convertido em reais e depositado automaticamente na conta do lojista assim que o cliente fizer o pagamento com bitcoins.
De acordo com Vailatti, a ferramenta facilita que o vendedor receba o pagamento em bitcoins e em mais dez moedas virtuais. Os lojistas terão suporte completo e uma API para integrar o recurso em suas lojas online. A taxa cobrada será a mesma de operação da exchange da Criptohub, que é de 0,7%. “A nossa plataforma, que foi desenvolvida por uma empresa alemã com mais de oito anos de experiência em blockchains, garantirá o preço no momento da venda, o que acaba com qualquer risco de volatilidade”, finaliza o CEO.
Fonte: “Exame”