Cursos, livros e tantas outras formas de conhecimento migraram para a internet e foram muito bem recebidas por usuários — até pela economia que veio com o fim do deslocamento e do custo de impressão dos materiais. Os produtores também se beneficiaram da digitalização do conteúdo. Agora, podem vender para o mundo inteiro. A Hotmart está crescendo ao ligar as duas pontas dessa cadeia.
A startup, fundada há nove anos, reúne 1,3 milhão de usuários cadastrados em sua plataforma como produtores, vendedores afiliados e consumidores de conteúdos online. A empresa aumentou seu faturamento em 80% apenas no último ano. Para 2020, aposta na expansão internacional, nos esforços de marketing e na melhora da plataforma para crescer.
Ideia de negócio: produção e venda de conteúdo online
Os empreendedores João Pedro Resende e Mateus Bicalho fundaram a Hotmart em 2011, em Belo Horizonte (MG). A região é fértil para o setor: a também mineira Rock Content, que conecta freelancers às necessidades de marketing de conteúdo das empresas, foi criada no mesmo ano e na mesma cidade.
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A ideia da Hotmart surgiu da experiência de Resende. O empreendedor administrou um fórum online sobre jogos entre 2006 e 2008 e era responsável por fazê-lo crescer e rentabilizá-lo. Os blogs estavam na moda e Resende criou um livro digital sobre como atrair visitantes online.
O problema: vender um conteúdo pela internet era difícil e ineficiente. “Veio a ideia de criar uma plataforma para que outras pessoas também pudessem comercializar seus produtos digitais”, diz.
O primeiro investimento na Hotmart veio da competição “Sua Ideia Vale R$ 1 Milhão”, promovida pelo site de comparação de preços Buscapé em 2011. O grupo fez um aporte de “centenas de milhares de reais” na Hotmart em troca de uma participação e a startup conseguiu os recursos para iniciar sua operação e contratar o primeiro funcionário.
Estratégia de crescimento: novos formatos e vendedores afiliados
A Hotmart começou vendendo livros digitais, mas seus formatos evoluíram junto com a internet. Hoje, os cursos online são os mais procurados. Outros formatos são podcasts, comunidades pagas e aulas ao vivo. Quanto aos temas, os mais buscados são estilo de vida (“Como cuidar do seu bichinho de estimação”, por exemplo) e carreira (“Como aprender inglês” ou “Como usar o Microsoft Excel”).
A Hotmart tem 150 mil materiais na sua plataforma. Segundo Resende, os melhores produtores cadastrados na startup tiram “um faturamento anual de oito dígitos” (a partir de R$ 10 milhões).
A empresa também trabalha com vendedores afiliados: usuários que construíram uma audiência na internet e precisam monetizá-la. Para isso, referenciam conteúdos da Hotmart que tenham a ver com sua base de seguidores e ganham uma comissão sobre cada venda.
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Em relação aos conteúdos vendidos na plataforma, a Hotmart fica com um percentual de 9,99% sobre cada transação, além de uma taxa fixa de R$ 1.
Em maio de 2019, a empresa captou um investimento de valor não revelado com os fundos General Atlantic e GIC. Os recursos serviram e servirão para melhorar a plataforma, aumentar o esforço de marketing e continuar a expansão internacional. A internacionalização começou em 2017 e a operação no exterior cresce a uma taxa mais de duas vezes maior do que a vista no Brasil, diz Resende. “Os novos escritórios surgiram para estarmos bem inseridos nos mercados locais e em contato com os criadores de conteúdo de cada região.” A empresa está presente em países como Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Holanda e México. A startup mineira tem 650 funcionários e pretende contratar outros 100 em 2020.
Os produtores, vendedores e compradores de conteúdo podem estar em qualquer parte do mundo — e a startup de Belo Horizonte quer conquistar territórios como se estivesse no conhecido jogo de tabuleiro War.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”