Aos poucos, as startups transformam mercados de capital intensivo como o de imóveis — da gigante envolvida em polêmicas recentes WeWork até startups como a brasileira Loft, que vale seis vezes o valor de empresas tradicionais do ramo.
Um dos negócios escaláveis e tecnológicos que está surfando a onda de revolucionar o mercado de propriedades é a EmCasa, que promete reduzir incômodos e riscos financeiros e legais ao comprar seu imóvel. A startup já mediou a compra de 150 propriedades e, para o futuro, vê oportunidades em novas verticais financeiras associadas aos imóveis e na ida para estados além de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Os incômodos e riscos da casa própria
A EmCasa foi fundada pelos engenheiros cariocas Gustavo Vaz e Lucas Cardozo. Filho de uma consultora imobiliária, Vaz estagiou no ramo e depois trabalhou em startups como a Easy Taxi. Já Cardozo fez carreira em consultorias como Bain & Company e Brasil Brokers. O primeiro acumulou lições de empreendedorismo em um MBA na Universidade de Harvard, enquanto o segundo percebia oportunidades de digitalizar o setor imobiliário.
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Em novembro de 2017, ambos se uniram para criar a EmCasa. Diferente dos portais de classificados de propriedades, a startup é uma plataforma de imóveis focada em ajudar o consumidor a lidar com incômodos e riscos financeiros e legais ao comprar seu imóvel.
“Buscar propriedades, visitá-las, negociar o melhor preço, decidir como será feito o pagamento, preencher a documentação necessária e se atentar para possíveis fraudes é um processo muitas vezes burocrático e ineficiente”, afirma Vaz. O tempo médio de compra de imóvel na EmCasa é de 24 dias. Segundo o empreendedor, no mercado uma aquisição do tipo pode levar 12 meses.
Os imóveis de incorporadoras e pessoas físicas são inseridos na plataforma caso estejam com a documentação correto e de acordo com o preço estimado pelo algoritmo patenteado de precificação da startup, disponível publicamente. A EmCasa tira fotos profissional e monta um tour 3D para reduzir a necessidade de visitas físicas. Também realiza atendimento por canais escolhidos pelos consumidores, como o mensageiro WhatsApp.
Como monetização, a startup cobra uma comissão do detentor da propriedade. A taxa costuma ir de 5 a 6% sobre o valor da venda, mas pode ser negociada. A EmCasa também analisa e checa os pedidos de crédito imobiliário para os bancos e recebe uma remuneração variável de instituição para instituição pela indicação dos clientes.
Os imóveis na EmCasa costumam custar de 500 a 800 mil reais e atendem um público de classe média e média alta. A EmCasa já mediou a compra de cerca de 150 imóveis.
Investimento e expansão
A EmCasa recebeu um investimento semente de um milhão de dólares de investidores anjos e dos fundos Canary (investidor nas startups Buser, SouSmile, Volanty) e Pear Ventures (DoorDash, Frubana, Guardant Health, Gusto) no começo de 2018. A EmCasa operou apenas no Rio de Janeiro durante todo o ano passado.
No final de 2018, recebeu um investimento série A de 6 milhões de dólares de fundos como Maya Capital, Monashees e ONEVC. Canary e Pear Ventures acompanharam a nova rodada.
O capital serviu para expandir a EmCasa para São Paulo, hoje mais representativa para a startup do que o Rio de Janeiro. A EmCasa atua em 15 bairros cariocas e 22 bairros paulistas.
Os próximos passos dos imóveis
Neste ano, a EmCasa já cresceu 13 vezes sobre as vendas de 2018. O próximo passo da EmCasa é expandir sua faixa de preços, oferecendo imóveis abaixo de 500 mil reais e acima de 800 mil reais.
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A startup quintuplicou sua equipe neste ano, passando de 20 para os atuais 100 funcionários. Até o final de 2019, serão de 110 a 120 membros. Uma parte das contratações está na área de tecnologia, para otimizar algoritmos de buscas de acordo com geolozalicação e pontos de interesse (perto de hospitais, mercados e metrô).
O negócio vê oportunidades de expansão para além do crédito imobiliário, como troca de imóveis e seguros residenciais. A EmCasa está estruturando um fundo específico para oferecer a capacidade de trocar imóveis. A startup analisa os imóveis que seus usuários querem vender, sugere uma precificação e depois repassa tais propriedades a outros compradores, chamados de iBuyers. Exemplos são Loft e o Grupo Zap/VivaReal.
Para 2021, a EmCasa lançará uma vertical de consórcios imobiliários, de imóveis do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e expandirá para outros estados brasileiros.
Fonte: “EXAME”