A solução criada por uma startup de alunos e ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ficou entre as cinco melhores em uma competição mundial na área de sustentabilidade, com uma ideia inovadora para a logística reversa de embalagens geradas pelo mercado de beleza e cuidados pessoais.
A ideia da plataforma foi criada em um fim de semana e foi selecionada entre mais de 500 projetos na competição Global Startup Weekend Sustainable Revolution, uma parceria da TechStars com a Google.
“Para nós foi muito gratificante, pois a gente está muito incomodado com essa questão do consumo do mercado de beleza e tinha o desafio de fazer o consumidor, que ainda não está engajado nessa causa de sustentabilidade, se sentir com vontade de participar da reciclagem também”, contou a engenheira de materiais Ligia Frem Di Nardo.
Agora, o grupo está com viagem marcada à França para participar de uma feira com investidores da área de sustentabilidade e receber uma aceleração nos negócios.
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Segundo Lígia, a plataforma batizada como Be.Benefits foi pensada durante o Startup Weekend, uma maratona de empreendedorismo e inovação mundial com duração de 54 horas, que desafia os participantes a transformar uma ideia de negócio em uma startup.
O modelo criado se assemelha ao Gympass, um benefício oferecido por empresas ao colaborador para acesso com desconto a academias. Nesse caso, o foco é o resíduo deixado pelo uso de produtos de beleza e cuidados pessoais.
A empresa participante pagará um valor para a Be.Benefits por cada funcionário interessado em participar do programa e o colaborador terá acesso à plataforma.
Esse cadastro dará ao colaborador a possibilidade de comprar itens exclusivos em lojas online de marcas específicas e multimarcas que vendem produtos de beleza, usando o valor repassado ao mês, ou seja, o colaborador terá acesso a mais produtos de beleza e cuidados pessoais.
A premiada solução virou então um benefício para o colaborador de uma empresa e, dessa forma, a empresa transformou-se no ponto de coleta inteligente para as embalagens.
“Os colaboradores das empresas não vão precisar levar o produto a algum lugar diferente, mas sim para o trabalho, um lugar aonde ela vai todos os dias. A medida que ele for descartando mais embalagens, nossa plataforma o bonificará adicionalmente, gerando mais um desconto para futuras compras”, disse.
Até o momento, a startup não está em funcionamento e a plataforma para os resíduos do mercado de beleza será o primeiro produto desenvolvido.
Benefícios
Além do benefício que a empresa vai dar ao colaborador, todas as vezes que o funcionário reciclar alguma embalagem no totem digital disponível na empresa, ele ganhará um desconto, que será transferido como saldo para o funcionário e irá acumular ao valor mensal pago pela empresa.
“Nós vamos instalar o ponto de coleta dentro da empresa, mas ele não será uma caixa qualquer e sim um totem inteligente que fará a análise da embalagem e do perfil do colaborador para gerar o desconto. Depois, faremos a gestão dos resíduos e encaminharemos para as recicladoras oficiais”, explicou.
Do ponto de vista da empresa, o projeto irá trazer como benefício o engajamento com o colaborador, pois foge do que já é oferecido convencionalmente, como planos de saúde e vale-alimentação, além de promover a conscientização de um modelo de consumo mais sustentável.
Desafios
Durante o processo de criação da startup, o grupo precisou desenvolver um modelo de solução que pudesse fazer sentido economicamente, por se tratar de uma empresa, como também trazer conceitos de empreendedorismo social e de impacto positivo ao meio ambiente e para as empresas que estão envolvidas.
O grupo realizou uma pesquisa de campo e descobriu que 85% das pessoas entre 18 e 35 anos compram produtos de beleza e cuidados pessoais constantemente. As mulheres ainda dominam o público-alvo com compras semanais, mas os homens passaram a se interessar mais pelo mercado e compram todo mês.
O desafio principal foi desenvolver um modelo que engajasse o consumidor final para a reciclagem. Foi então que as empresas em que essas pessoas trabalham entraram como mediadoras.
“A escolha de instalar o ponto de coleta na empresa é justamente para ser mais cômodo e conveniente para o consumidor”, explicou.
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Prêmio
Para o grupo, a premiação representa mais do que reconhecimento da ideia, mas uma oportunidade de tirar a ideia do papel e implementá-la.
“Do ponto de vista da validação da nossa solução é um grande primeiro passo. A gente pretende já levar um protótipo da plataforma para conseguir, durante o evento na França, apresentar a alguns investidores que estarão no local. A gente acredita que isso vai ajudar muito na nossa caminhada”, disse.
Além da oportunidade, o grupo também ganhou seis meses de mentoria com especialistas e uma aceleração para a startup.
“Muito provavelmente, após a aceleração, essa empresa irá funcionar. Nós estamos buscando tanto investidor quanto talentos para trabalhar com a gente”, disse.
Atualmente, a startup conta com a expertise dos estudantes Thaiana Garcia Andrade e Caio Viana, além dos engenheiros Ligia Frem Di Nardo, Fabio Bussacarini Mariano, Alexandre Atilio Naressi e da química Rafaela Montoro.
Fonte: “G1”