A união de 12,6 milhões de pessoas buscando trabalho e a busca por uma melhor mobilidade urbana criou uma grande oportunidade de negócio em terras brasileiras — e não apenas para gigantes do setor, como o aplicativo de viagens de automóvel Uber.
A Vai.Car, startup que aluga carros para jovens e para motoristas de apps de mobilidade urbana, foi dos Estados Unidos ao Brasil por conta da oportunidade local percebida pelos sócios, a maioria deles brasileiros. Com quase dois anos de negócio, a Vai.Car mediou a locação de 40 mil carros na Grande São Paulo. Agora, busca um novo investimento para expandir sua atuação em terras brasileiras.
Ideia de negócio em um Uber
O psicólogo de formação e empreendedor em logística e marketing João Paulo Galvão teve a ideia de negócio da Vai.Car nos Estados Unidos, enquanto fazia uma corrida por meio do aplicativo da Uber. Galvão escolheu uma categoria premium de automóvel e uma corrida que costumava custar 12 dólares saiu por 60 dólares.
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Perguntando-se porque mais motoristas não atuavam na modalidade de luxo, descobriu que a falta de reputação de crédito (ou score) dificultava a aquisição de um automóvel adequado. A Vai.Car nasceu na Flórida em janeiro de 2016, após um investimento de 130 mil dólares do fundo brasileiro Bossa Nova Investimentos.
Logo Galvão e seus sócios — os administradores Hélio Netto, Fernando Fiuza e Apoorv Gupta — perceberam que a oportunidade era maior na terra natal da maioria dos sócios: o Brasil. O piloto americano, que rodava com 60 veículos, foi interrompido. Em dezembro de 2017, a Vai.Car chegou por aqui.
Quem assumiu a operação nacional foi Netto, diretor executivo da locadora Hertz (vendida para a Localiza) por 17 anos. “Via as mudanças no mercado de mobilidade, mas locadoras ainda muito tradicionais. Vi na Vai.Car uma oportunidade de adaptar uma inovação ao mercado brasileiro”, diz. “Focamos aqui por vermos um problema maior e uma resposta mais positiva à ideia de negócio. Com três sócios brasileiros, sabíamos do tanto de desempregados no país e o potencial de trazê-los ao mercado de trabalho”. Apenas Gupster é canadense e indiano.
A Vai.Car possui dois públicos-alvos: os millenials, que cada vez repensam a compra de um automóvel e favorecem o modelo “pague por uso”; e os motoristas de aplicativos como 99, Cabify e Uber, que veem no aluguel uma opção com menor investimento inicial para viabilizar sua renda extra.
Os primeiros desafios da startup foram superar sua inexistência de lojas físicas e a falta de cartão de crédito de muitos motoristas. A Vai.Car apostou em um processo totalmente móvel, com os carros sendo entregues na casa do cliente, e um análise própria de risco de crédito para conceder formas de pagamento como boleto bancário e lotéricas.
“Quem tem problema de crédito não é necessariamente um bandido, pode simplesmente estar desempregado e quer usar o carro como ferramenta de trabalho. Nossa tecnologia de score própria vai na linha do cadastro positivo”, diz Netto. Para evitar fraudes documentais, a Vai.Car também faz uso de inovações como reconhecimento facial. O algoritmo usado no cadastro cruza mais de 200 informações antes de aprovar ou negar usuários.
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Como funciona a Vai.Car?
Após baixar o aplicativo da Vai.Car, o usuário sobe uma imagem de sua carteira de habilitação, fotografa a si próprio, escolhe seu automóvel e espera a entrega em sua residência. Há três categorias de locação: hatch, hatch plus e sedan. Oito a cada dez carros da Vai.Car são da categoria sedan, para permitir que motoristas trabalhem nas categorias de luxo dos aplicativos de mobilidade.
O tíquete médio é de 1,5 mil reais por mês, com um tempo médio de permanência de 10 meses. Manutenção e documentação do carro, IPVA e seguro estão incluídos no preço fixo. A Vai.Car já realizou 40 mil locações na Grande São Paulo e movimentou 60 milhões de reais.
A Vai.Car prepara a captação de um investimento série A. Para 2020, a startup continuará sua expansão brasileira. Depois, começará a preparar a entrada em outros países — quem sabe, uma volta aos Estados Unidos após ter conquistado o Brasil.
Fonte: “EXAME”