O BNDES mantém sua previsão de privatizar a Cedae, empresa de fornecimento de água e esgoto no Estado do Rio de Janeiro, ainda neste ano e está preparado para enfrentar o questionamento na Justiça sobre a privatização.
A informação foi dada nesta quarta-feira pelo diretor de Infraestrutura do banco, Fábio Abrahão. O executivo destacou que a privatização da companhia, além de gerar elevados investimentos fundamentais para o setor de água e saneamento no Rio, tende a gerar empregos e benefícios ao consumidor.
Em transmissão on-line promovida pelo jornal Valor Econômico, Abrahão lamentou o fato de a prefeitura do Rio ter entrado com uma ação na Justiça contra a venda da Cedae, destacando que é preciso ter foco no consumidor, que é o pagador de impostos.
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De acordo com o diretor do BNDES, a ampliação dos investimentos e dos serviços da companhia após sua privatização aumentará a arrecadação de impostos na cidade.
— A judicialização da Cedae é péssima para os 12,5 milhões usuários dos serviços da companhia. Sabemos o que foi passar meses com a água com aquele gosto horroroso. O município do Rio não é autossuficiente, depende da água que vem de outros locais do Estado do Rio. A judicialização vai contra a geração de 45 mil postos de trabalho, contra a despoluição da Bacia do Guandu, da Baía de Guanabara e das nossas praias.
Abrahão acrescentou que o banco vai seguir com o processo de privatização da empresa fluminense de saneamento:
— O próprio aumento de investimentos vai gerar impostos. Mas o banco está preparado para seguir com o processo (de venda). A prefeitura está com uma visão um pouco mais limitada, mas estamos preparados para tocar o projeto.
A Cedae foi dada como garantia a um empréstimo de R$ 2,7 bilhões obtidos pelo governo do Estado do Rio, então liderado por Luiz Fernando Pezão, junto ao banco francês BNP Paribas.
Se não for privatizada até novembro, a estatal deve ser passada para a União, que terá de honrar o pagamento ao BNP, que chega a R$ 4,5 bilhões com juros e correção.
Em um encontro com parlamentares na Assembleia do Rio, o governador Wilson Witzel afirmou que dificilmente vai conseguir privatizar a Cedade este ano. O edital ainda está em fase de consulta pública.
Civella entrou na Justiça contra a privatização alegando que a venda da companhia que atende à Região Metropolitana desrespeita a autonomia municipal sobre serviços de água e esgoto.
Na transmissão on-line, o diretor do BNDES destacou a importância da abertura do mercado no setor de saneamento que vai acontecer tende a acontece com a aprovação do novo marco regulatório do saneamento. Abrahão afirmou que é perfeitamente viável o leilão da Cedae ainda neste ano. Na última terça-feira, ocorreu a segunda audiência pública sobre o tema.
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Geração de 45 mil empregos
Abrahão ressaltou que a privatização da Cedae será a maior venda de serviço público no país, com previsão de investimentos novos de R$ 33,5 bilhões, gerando 45 mil empregos diretos, não só na construção, mas também na manutenção e na operação dos serviços.
De acordo com as projeções, os cinco primeiros anos da concessão vão gerar investimentos dez vezes superiores aos investimentos feitos pela Cedae nos últimos cinco anos.
Mesmo com todas as incertezas na economia geradas por conta da pandemia da Covid-19, o BNDES continua com seus planos de realizar outros dois leilões de concessões no setor de saneamento, um em Alagoas e a Parceria Público-Privada (PPP) na cidade de Cariacica, no Espírito Santo.
A carteira atual do BNDES em projetos de saneamento, entre concessões e PPPs, totaliza cerca de R$ 50 bilhões, atingindo uma população de cerca de 27 milhões de pessoas. Ainda há concessões ou PPPs previstas para o próximo ano no Acre e Amapá, Porto Alegre, Ceará e Rio Grande do Sul.
— O banco já está conversando com alguns outros estados do Norte e Nordeste, e essa carteira deve se ampliar muito em breve — garantiu o diretor.
Fonte: “O Globo”