Conhecido pela alcunha de “choque de energia barata”, dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o novo mercado de gás vai ganhar um aliado de peso. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está disposto a financiar toda a cadeia do gás, de ponta a ponta: dos dutos de escoamento do mar até o continente, incluindo-se aí os investimentos do consumidor final – nesse caso, a indústria eletrointensiva. Para ajudar a definir esses investimentos, a instituição acaba de lançar um estudo para “casar” oferta e demanda pelo insumo. Segundo Fábio Abrahão, diretor de infraestrutura, concessões e PPPs da instituição, o objetivo foi solucionar a equação de que é preciso demanda para criar a rede – e ter rede para criar demanda.
O banco identificou os segmentos que mais precisam de gás e mapeou a localização para chegar aos investimentos mais eficientes. Os setores selecionados foram papel e celulose, siderurgia, fertilizantes e químicos, com destaque para o metanol. Outro projeto com potencial é a substituição do diesel utilizado na frota de transporte público de grandes cidades.
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Ideia é criar estrutura de gasodutos em longo prazo
A meta é ajudar a reindustrializar o País. Para Abrahão, é preciso agir hoje para ter fábricas construídas, operando e contratando daqui a cinco ou sete anos. Para isso, a instituição vai financiar demanda, escoamento e dutos de transporte.
A proposta do BNDES para a expansão da rede de gasodutos é o compartilhamento pelas empresas de petróleo e gás, com operação por terceiros que não sejam produtores, por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs). O banco se propõe a fomentar o modelo de negócio e os projetos e a se responsabilizar pela elaboração da estrutura financeira e contratual dos projetos, bem como financiá-los, articular o cofinanciamento e realizar road shows para divulgá-los. À empresa líder, com experiência no setor, caberia elaborar o projeto de engenharia, implantá-lo e operar a infraestrutura.
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Proposta será discutida em seminário online
Detalhes do plano serão discutidos em um webinar do BNDES na sexta-feira, 29. Estão previstas a participação de Guedes, do presidente do banco, Gustavo Montezano e do secretário-adjunto do Ministério de Minas e Energia, Bruno Eustáquio. Do setor privado, participam executivos da área de energia, regulação e gás da Petrobras, Shell Energy e Equinor Brasil.
Abrahão diz que o setor de infraestrutura opera sob horizontes de longo prazo, de 20 a 35 anos, e está acostumado a crises. Por isso, a pandemia da covid-19 não é considerada um obstáculo ao novo mercado de gás. A valorização do dólar e a queda dos juros também facilitam os investimentos. Segundo ele, as operações de dutos já são dolarizadas, portanto o efeito é neutro. Há interesse da indústria nacional de bens de capital e de investidores.
Fonte: “Estadão”