Apresentado como “ativista do software livre”, uma espécie de MST digital, um tal de Richard não-sei-o-quê ganhou seu megabyte de fama ao se declarar feliz com a morte de Steve Jobs, “um pioneiro do computador que parece ser cool mas é uma prisão, projetado para privar os tolos de sua liberdade”.
Ele descobriu a conspiração capitalista: o iPad, o iPod, o iPhone e as maravilhas tecnológicas criadas por Jobs para facilitar a comunicação entre as pessoas, a troca de ideias, o conhecimento, o acesso à diversão e à arte, foram criados para escravizar os tolos como nós, que nos viciamos na eficiência e beleza das suas máquinas e temos de pagar pelos benefícios que recebemos. Ele queria que tudo fosse livre, aberto, para cada um usar e modificar à vontade, em nome da justiça e da igualdade. Que fofura. Mas quem paga a conta das pesquisas, desenvolvimento e produção dessas máquinas maravilhosas? Quem paga o gênio que as inventa? Assim como os almoços, não há conexões grátis. Deviam convidar esta besta para uma mesa com o Stédile no Fórum Mundial.
Ainda que Jobs tenha sido um canalha nelson-rodrigueano, um tirano ganancioso, um explorador do suor alheio, um Sarney do Vale do Silício, ele seria o único caso em que concordo com o Zé Dirceu: os fins justificaram os meios. Mas Jobs não foi nada disso, todas as evidências são de que era apenas um homem, muito especial, mas com as precariedades da condição humana e sua impotência diante do nosso destino inexorável. Duro, rigoroso e perfeccionista, pode até ter infernizado a vida de algumas pessoas, que provavelmente mereceram, mas seu legado é o de um grande benfeitor da humanidade. No nosso tempo, ninguém contribuiu mais para a liberdade de ver, ouvir, pensar e se comunicar do que Steve Jobs.
Esses ativistas parecem saídos do tempo dos hippies, de tanta fraternidade e solidariedade, paz e amor, bicho, dinheiro é só papel, quando os ativistas da boca-livre viviam alegremente às custas do trabalho alheio. E tem mais, seus cafonas: além de cool, os produtos criados por Jobs foram e são uma educação visual para a beleza e a harmonia.
Fonte: O Globo, 14/10/2011
O Nelson podia ter feito mais da lição de casa antes de “cometer” esse artigo.
O ativista em retrato é o Richard Stallman. Ao contrário das bestas do Fórum Mundial, é um cara que passou muito tempo produzindo e criando software livre e cobrando por isso. Muito do software da Apple depende de software que foi feito há 20-30 anos, e que hoje é livre.
A “luta” dele nunca foi contra o capitalismo, mas contra a restrição artificial a um bem que pode ser facilmente duplicado.
(continuação)
Ao contrário do MST, os ativistas de software livre nunca falam em apropriar-se do trabalho dos outros. Muito menos sem dar nada em troca. A comparação é errada e desonesta.
O triste é que, ao invés de promover uma discussão válida (a questão de propriedade intelectual, por exemplo), o artigo acaba tomando um atalho rasteiro e criando um strawman só para falar mal de comunista.
Comunista, socialista ou capitalista, nunca vi nenhum dos 3 rasgar dinheiro!
É Nelson Motta a tua habilidade para fazer parte da panelinha da velha mídia isto é inquestionável, agora estas tuas opiniões a respeito do mundo digital é uma ignorância tamanha, concordando a crítica feita por Rafael: “o artigo acaba tomando um atalho rasteiro e criando um strawman só para falar mal de comunista.” Nada contra ou a favor dos comunistas ou capitalistas, mas contra tua fala de conhecimento quando escreve Nelson Motta.