O novo “superministério” da Infraestrutura deverá ganhar configuração diferente da originalmente imaginada no entorno do presidente eleito Jair Bolsonaro.
A última versão do desenho ministerial prevê que a pasta abarcará três áreas distintas da infraestrutura: toda a parte logística (hoje alocada no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil); habitação, saneamento e mobilidade urbana (atualmente nas mãos do Ministério das Cidades); e os programas de recursos hídricos, como a transposição do rio São Francisco e diversas obras complementares do sistema (por enquanto na órbita do Ministério da Integração Nacional).
No entanto, a área de telecomunicações deverá ser mantida no Ministério de Ciência e Tecnologia, que ficará com o astronauta Marcos Pontes. Inicialmente, a ideia era que fosse para a superpasta da Infraestrutura. Pontes, portanto, provavelmente terá sob seu guarda-chuva questões como radiodifusão e banda larga. No esboço original, as pastas de Cidades e Integração Nacional seriam congregadas em uma só.
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O martelo ainda não foi batido e esse desenho pode sofrer mudanças, mas é o organograma atual na cabeça dos principais auxiliares de Bolsonaro. O principal cotado para o novo ministério continua sendo o general Oswaldo Ferreira, coordenador do chamado “grupo Brasília”, composto por militares e acadêmicos que se reuniam no subsolo de um hotel da capital federal, durante a campanha eleitoral – o general Augusto Heleno, anunciado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também exercia protagonismo no grupo.
Por questões estritamente pessoais, porém, Ferreira ainda não disse “sim” ao convite do presidente eleito. É somente por isso que até agora ele não foi anunciado no primeiro escalão do futuro governo. Na equipe de transição, mantém-se à frente das discussões sobre infraestrutura.
O Ministério de Minas e Energia continuará funcionando de forma independente. A avaliação geral é de que o setor elétrico, bem como a área de petróleo e gás, têm desafios amplos o suficiente para justificar uma pasta própria. Além da reforma do marco regulatório de energia, o ministério terá papel ativo nos preparativos do leilão de excedentes da da cessão onerosa, que poderia render até R$ 100 bilhões e “salvar” praticamente sozinho as contas do próximo ano.
A tendência é oficializar um convite ao ex-secretário-executivo Paulo Pedrosa. Na semana passada, ele fez uma exposição aos auxiliares de Bolsonaro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede dos trabalhos da transição. O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, disse a interlocutores que ficou “impressionado” com a qualificação do ex-secretário e passou a defendê-lo como ministro. O futuro homem forte da economia, Paulo Guedes, avalizaria a indicação.
Por ora, o núcleo de infraestrutura de Bolsonaro tem recebido os ministros atuais de cada área para receber um diagnóstico de conjuntura. Depois, partirá para uma rodada de conversas com autarquias e empresas estatais. O roteiro de oitivas termina com associações empresariais. A ideia é mapear problemas setoriais e definir medidas para as primeiras semanas do novo governo.
Fonte: “Valor Econômico”