Pausa no assunto eleições que já deve estar cansando os leitores. A revista “Veja” publicou excelente reportagem sobre o extraordinário crescimento de cidades do interior do Brasil nestes últimos anos. Criado no interior, antes de seguir para a capital do Estado para completar meus estudos, sempre tive interesse em visitar as cidades do interior brasileiro, o que tenho feito continuamente, em vários Estados. É nelas que se encontra a verdadeira alma brasileira, suas dificuldades e suas conquistas.
Não poderia, nestas breves linhas, comentar todas as cidades mencionadas, com crescimento anual muito acima da média do país, como um todo. Procurarei abranger o território nacional para mostrar que o desenvolvimento foi em várias regiões. Começo pela de maior desenvolvimento: Hortolândia (SP), que teve, nos últimos anos, crescimento anual de 22,6%. Isto foi conseguido graças à política agressiva de atração de indústrias. Em apenas cinco anos, com incentivos oferecidos, foram abertas no município duzentas fabricas, entre elas a Dell, fabricante de computadores. Com as novas fábricas, foram criados doze mil postos de trabalho. Cabo Frio (RJ), com crescimento anual de 15,2%, tornou-se grande pólo turístico internacional, com suas praias e bom programa de urbanização da cidade. Com moderno aeroporto, construído e operado pela iniciativa privada – exemplo a ser seguido – tornou-se destino para turistas internacionais. Durante as férias, Cabo Frio chega a receber um milhão de turistas. O ClubMed está construindo lá seu mais luxuoso resort. Sinop (MT), com crescimento anual de 8,5%, e dez universidades, tornou-se o principal centro educativo do Centro-Oeste. Barreiras (BA), com crescimento anual de 4,5%, teve como motores da sua economia as culturas de algodão e soja. A cidade é o maior centro de serviços públicos e de comércio da região chamada de cerrado setentrional, que se estende do sul do Maranhão ao centro da Bahia, e está entre as mais prosperas da agricultura brasileira. Caminhando para o Norte temos Açailândia (MA), com 12,6% de crescimento anual, à frente da capital São Luís. É a maior renda per capita do Maranhão. Este progresso se deve a siderúrgicas de ferro-gusa e indústrias de laticínios que se instalaram na região. Marabá (PA), com 19,7% de crescimento anual teve a siderurgia – fundições de ferro-gusa e aciarias – como motor de sua economia, devido a sua proximidade com as minas de ferro de Carajás. Localizada às margens do Tocantins, é um dos portos fluviais mais movimentados do Norte. Termino no extremo sul com Uruguaiana (RS), com crescimento anual de 6,9%. Chamada de “Porta do Mercosul”, seu crescimento deve-se ao comércio internacional e ao agronegócio.
Quero chamar atenção para o fato de que todo este esforço se deve ao trabalho da iniciativa privada local e boa gestão das autoridades municipais respectivas. Isso reforça minha crença de que é no fortalecimento dos municípios que está o cerne de todo crescimento nacional. A centralização política e administrativa hoje existente no Brasil, graças ao iníquo atual sistema tributário que concede à União a maior parte dos tributos arrecadados, impede maior desenvolvimento. Termino lembrando aos leitores: ninguém mora na União ou nos Estados. Todos moram nos Municípios.
Prezado Jose Celso de Macedo Soares
Exatamente, vivemos nos municipios!
Nosso crescimento poderia ser muito maior, caso os tributos, municipais, estaduais e federais estivessem
alinhados ao incentivo e necessidade de nossa sociedade!