O primeiro-ministro Alexis Tsipras foi até onde pôde em sua tentativa de jogar nas costas dos vizinhos a conta da irresponsabilidade fiscal que, nos últimos anos, torrou o dinheiro que a Grécia tinha e o que não tinha para bancar vantagens populistas insustentáveis. No fundo, no fundo (e no auge de uma crise que vem se arrastando por muitos anos), o que seu governo pretendeu desde a campanha eleitoral que o levou ao poder foi chantagear os demais integrantes da União Europeia e tentar forçá-los a assumir a responsabilidade pela farra grega. Como a Europa não cedeu, o governo do esquerdista Tsipras decidiu convocar um referendo e jogar sobre as costas da população o peso da decisão entre a política irresponsável proposta pelo governo e regras fiscais estabelecidas pela Europa. Simples assim.
[su_quote]Os primeiros seis meses do segundo governo de Dilma Rousseff expôs o tamanho do estrago que a gastança irresponsável dos últimos anos causou por aqui[/su_quote]
Até aí, nenhuma novidade: o mundo está repleto de governos que prometem o paraíso e, na hora que o sapato aperta, nunca assumem a responsabilidade pelo fracasso das políticas que implantaram. Quando a situação fica feia e se esgotam as possibilidades de jogar nos países ricos a culpa pelos problemas, eles tentam arrastar mais gente para o buraco em que se encontram. Conduta desse tipo está por toda parte.
Ajuda às ditaduras
Aqui mesmo, na América do Sul, há um punhado de governos que não perdem a oportunidade de recorrer à chantagem e à mentira para tentar esconder os graves problemas sociais criados por suas políticas irresponsáveis. Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina são exemplos destacados de governos populistas que insistem na tentativa de empurrar para os outros o custo da própria inépcia. Durante um bom tempo (e especialmente no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quando sua situação econômica parecia confortável, o Brasil foi generoso em financiar as aventuras populistas desses vizinhos bolivarianos e de outras ditaduras de suas relações.
O sonho de riqueza era vidro e se quebrou. E agora o Brasil, mal das pernas, não tem outra saída senão a de também dar seus pulos para não cair na arapuca que o próprio governo vem armando ao longo dos últimos 12 anos.
O próprio interesse
Os primeiros seis meses do segundo governo de Dilma Rousseff expôs o tamanho do estrago que a gastança irresponsável dos últimos anos causou por aqui. É claro que a mãozinha estendida na direção dos governos “mui amigos” foi apenas um detalhe na gastança que o governo promoveu com o objetivo principal de se manter no poder. Mas é o típico exemplo de dinheiro que teria sido mais bem gasto se tivesse sido destinado (por exemplo) a financiar obras de infraestrutura no próprio país. Em outras palavras, há mais semelhanças do que pode parecer entre a prática grega de bancar gastos populistas com o dinheiro dos outros e o hábito brasileiro de distribuir recursos públicos motivado por simpatias ideológicas. No fundo, no fundo, ambos têm origem na arrogância de governos que põem seus próprios interesses na frente dos interesses da população.
Fonte: Hoje em Dia, 05/07/2015.
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