O Brasil obteve volume recorde de US$ 3,5 bilhões em projetos aprovados apenas neste ano pelo Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), o chamado Banco do Brics, conforme o Valor apurou. Somente nesta semana, de sete financiamentos aprovados, quatro projetos foram para o Brasil, somando US$ 2,4 bilhões, e um cada na Índia, África do Sul e Rússia.
O Banco do Brics representa uma das fontes de recursos mais baratas que o Brasil tem acesso. Financiamentos emergenciais de US$ 2 bilhões no contexto da pandemia de covid-19 que o país tomou na instituição multilateral tem prazo de 30 anos, com cinco anos de carência. O crédito do NBD teve custo de taxa de Libor mais 125 pontos-base.
Com o volume de recursos registrado em 2020, o Brasil estabelece novo recorde de aprovação de financiamentos em um único ano junto à instituição sediada em Xangai. Antes a marca era da China, com US$ 1,9 bilhão em 2018.
O país passa assim a ter um volume total de US$ 5 bilhões aprovados pelo NBD desde sua fundação, há cinco anos. Isso representa 20% da carteira da instituição, em paridade com a fatia de ações que tem no banco.
Agora que o reequilíbrio na carteira foi alcançado, com 20% do total, o Brasil receberá da instituição entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões por ano para investimentos em infraestrutura, pelas estimativas de fontes que acompanham as operações.
O NBD é o banco multilateral em que o Brasil tem a maior quantidade de ações (20%). Em comparação, sua fatia é de 11,35% do capital do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de 2,21% no Banco Mundial.
O país é, assim, sócio paritário numa instituição com as maiores economias emergentes, incluindo duas (China e Índia) das três maiores economias do mundo (pelo critério de paridade de poder de compra).
Os financiamentos aprovados para o Brasil até agora (US$ 5 bilhões) são mais de três vezes o volume aportado pelo país na forma de integralização de “paid-in capital” (US$ 1,3 bilhão) desde 2015.
Nesta semana, o conselho de diretores aprovou sete projetos num total de US$ 2,7 bilhões. Os quatro para o Brasil foram: US$ 1 bilhão para o Programa Emergencial para Recuperação Econômica em resposta ao covid-19 no país; US$ 1,2 bilhão para linha de Financiamento para Infraestrutura Sustentável via BNDES; € 134 milhões para linha de financiamento de infraestrutura sustentável via Banco de Desenvolvimento Regional do Extremo Sul (BRDE); e US$ 75 milhões para melhora do BRT de Curitiba.
Este ano, os líderes do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – deram sinal verde para negociações do banco para atrair novos sócios. As negociações estão acontecendo.
Fonte: “Valor Econômico”, 18/12/2020
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