“Pagar impostos é escandalosamente difícil, abrir um negócio toma muito tempo e exige incrível obstinação, negociar com o exterior é complicado e a Justiça é morosa”. Essa é a explicação do economista Samuel Kinoshita para a classificação do Brasil na 120ª posição no ranking dos 189 melhores destinos para se fazer negócios, divulgado em outubro pelo Banco Mundial.
O economista, que também é especialista do Instituto Millenium, explica que o país deixa de atrair muitos projetos de investimentos devido ao alto custo de se operar aqui. “O Brasil ficou claramente para trás na melhoria do seu ambiente de negócios”, afirma.
Kinoshita ressalta o mau desempenho do país quando comparado aos vizinhos da América Latina. “Do estudo de 2006 para o de 2015, o Brasil não alterou significativamente sua posição relativa. Enquanto isso, Colômbia, México e Peru avançaram muito e, diferentemente do que ocorria anteriormente, atualmente já aparecem à frente do Chile, o paradigma de boas práticas na região”, diz.
Entre os aspectos que contribuíram para a má classificação do país estão o número de dias e de procedimentos necessários para abrir novos negócios. Segundo o Banco Mundial, no Brasil, demora-se 83,6 dias para inaugurar uma empresa, enquanto nos EUA são necessários 5,6 dias e em Cingapura, apenas 2,5 dias. Para abrir uma empresa no Brasil é preciso realizar 11 procedimentos. Em Cingapura, são necessários três e na Nova Zelândia, um.
Kinoshita acredita que criação de uma plataforma única para registros e outras formalidades implicaria em aumento significativo de criação de empresas e na geração de empregos formais. “O Canadá e a Nova Zelândia conseguiram reduzir para apenas uma a quantidade de interações com agentes externos que um empreendedor precisa estabelecer”, ressalta.
Além das questões burocráticas, o Brasil também precisa melhorar a relação com o comércio internacional. “Acredito que existem ganhos significativos nesta agenda, já que somos um dos países mais fechados do mundo. Em suma, precisamos importar e exportar mais”, conclui o economista.
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