Levantamento é da UNCTAD. Em 2013, país recebeu US$ 64 bilhões, recuo de 1,9% em relação a 2012
O Brasil recebeu US$ 64 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) durante 2013, 1,9% menos do que os US$ 65,3 bilhões de 2012. Os dados foram divulgados nesta terça-feira em um relatório da UNCTAD, agência das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o comércio e desenvolvimento. Agora, portanto, o país caiu da quarta para a quinta posição no ranking de países que mais receberam recursos internacionais — atrás dos Estados Unidos, China, Rússia e Hong Kong.
— Há a necessidade de abrir novas portas. A ausência de reformas e de impulso à produtividade fizeram o Brasil perder a quarta posição para a Rússia. Se isso não for revertido, a tendência é de seguir em queda — explicou Luís Afonso, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), responsável pela divulgação dos dados da ONU.
A perspectiva de seguir caindo se deve também pela diminuição da diferença do volume de investimentos recebido por Singapura (que está na sexta posição, com US$ 63,8 bi) e Canadá (na sétima colocação, com US$ 62,3 bilhões).
— Se o investimento nos outros países continuar na mesma velocidade de crescimento e aqui for concretizada a projeção do Banco Central de US$ 60 bilhões em IED neste ano, cairemos para a sétima posição em 2014 — estimou Afonso.
Ainda assim, o Brasil segue à frente, além de Singapura e Canadá, de países como Reino Unido, Alemanha e Chile, conforme frisou Reynaldo Passanezi, diretor da Sobeet. Em suas palavras, embora “o Brasil não seja mais a bola da vez, ainda é uma bola importante”.
O IED é todo recurso aplicado na estrutura produtiva de um país, como infraestrutura, criação de empresas ou também por meio de participação acionária em empresas já existentes.
América Latina e Caribe
O destaque positivo da América Latina e Caribe ficou com o México, que embora esteja na 10ª posição do ranking, viu o volume de investimentos recebidos saltar de US$ 18 bilhões em 2012 para US$ 38 bilhões — equivalente a 111%. Além do setor de óleo e gás, o relatório da UNCTAD chama atenção para as reformas feitas no país e para o setor automotivo do “México que, assim como o Brasil, está estimulando planos de investimentos”.
“O desenvolvimento da indústria automotiva é promissor no México e no Brasil, com diferenças claras entre as políticas governamentais”, diz o relatório, ressaltando ainda que no país na América Central há “ elevado fluxo de exportação de automóveis” ao passo que aqui “a produção é para o mercado local”.
Fluxo global
O fluxo global total do IED subiu 9% em 2013, chegando a US$ 1,45 trilhão. Destes, dois terços foram aplicados em novos projetos e o restante em fusões e aquisições. Afonso explica, em sintonia com o relatório da UNCTAD, que o número deve ser visto como um “otimismo cauteloso” já que o volume ainda está abaixo do verificado em 2006.
A participação das economias emergentes neste fluxo total também caiu no ano passado, de 54,8% para 53,6%. O percentual dos países desenvolvidos, por sua vez, subiu de 38,8% para 39% de um ano para outro.
— O Brasil ainda é um bom mercado, mas depende de reformas. Enquanto isso, de novo, tudo está se voltando para o primeiro mundo — acrescentou o economista Nicola Tingas, diretor da Sobeet.
Internacionalização brasileira em baixa
Um outro estudo divulgado nesta terça-feira pela consultoria Maksen, em parceria com o Insper, mostra também que as empresas brasileiras estão “abaixo de seu real potencial de internacionalização”. O material mostra que das 50 maiores empresas do Brasil, 56% são internacionalizadas. Nos Estados Unidos, esse índice é de 90%.
— O Brasil está ficando para trás em termos de internacionalização. De 2004 para 2012, o Brasil subiu do 14º lugar para 7º no ranking das maiores potências mundiais. No entanto, o nível da internacionalização apenas passou de 24º para 20º — diz Sérgio do Monte Lee, diretor da Maksen no Brasil.
Quase 70% dos empresários entrevistados para a pesquisa disseram que o Brasil é suficiente para o crescimento de suas companhias nos próximos anos. Lee acrescenta que o “vasto mercado doméstico quando soma à crise internacional desencoraja as companhias a arriscarem expandir suas operações para outros países”.
Fonte: O Globo
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