O Brasil poderá fazer emissão externa ainda em 2020, na esteira do aumento das colocações de países emergentes, em meio ao forte apetite dos investidores por ativos de maior risco. “Caso haja uma janela de oportunidade, nada impede que o Brasil volte a realizar emissões ainda em 2020”, disse o Tesouro à Bloomberg em resposta enviada por e-mail.
Países emergentes se apressaram para captar recursos em moeda estrangeira nos últimos dias, ampliando o que deve ser um ano recorde para a emissão de títulos em dólares e euros nesses mercados. O otimismo com o desenvolvimento da vacina para a Covid-19 aumentou o apetite dos investidores por risco, reduzindo os custos dos empréstimos.
O Peru, por exemplo, vendeu um título de 100 anos de menor rendimento para um país em desenvolvimento, apesar da turbulência política do país, e a Turquia, que está saindo de mais uma crise cambial, estendeu os vencimentos de dívidas denominadas em dólares e liras. A Costa do Marfim deverá precificar dívida denominada em euros com um rendimento menor do que no ano passado, apesar de ter recebido ajuda financeira do FMI.
Marcos De Callis, estrategista da gestora de recursos Hieron Patrimônio Familiar e Investimentos, diz que é “estranho” que o Brasil ainda não tenha emitido em meio à atual janela de oportunidade. A venda ajudaria a reforçar o colchão de liquidez do Tesouro para lidar com a quantidade “pesada” de dívida com vencimento no início do próximo ano. A última emissão externa do Brasil foi em junho, quando o país vendeu US$ 3,5 bilhões em papéis com vencimento entre cinco e 10 anos.
Fonte: “Exame”, 25/11/2020
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