Em tempos de polarizadas discussões é comum defesas por Estado mínimo ou máximo. Não deveria se discutir fundamentalmente um Estado adequado e eficiente? Ouve-se repetidamente que o Estado deve tem foco em saúde, segurança e educação. Observa-se que o Estado atual já deixou boa fatia desses setores de lado nos últimos 40 anos, em um processo que atravessou governos de todos as correntes políticas nas 3 esferas públicas. Consideráveis partes desses setores já são privados, mas ainda em modelos com infindáveis negociações e altamente regulados, absurdamente criados a partir de definições nada flexíveis. Isso precisa ser revisto.
Ao longo das últimas quatro décadas o Estado perdeu espaço em termos relativos, mas contraditoriamente teve seu custeio em trajetória constante de alta. Duvida novamente? Basta olhar para indicadores como carga tributária no consumo ou renda, dívida pública, emissões de títulos soberanos, entre outros. Uma pequena parte da sociedade percebeu esse movimento que impactou negativamente na competitividade do Brasil ao longo dessas décadas, a grande maioria não percebeu por motivos diversos como falta de explicações adequadas dos especialistas, perda considerável da qualidade na educação, perda da qualidade dos representantes eleitos, aumento expressivo da corrupção, burocracia incontrolável, escassez de valores éticos, entre muitos outros. O Brasil ficou mais dividido em camadas. A sinergia entre as mesmas foi dificultada, tudo embaixo do nariz de cada brasileiro desde o ensino fundamental numa espécie de segregação involuntária que custa até o momento 2 gerações.
Todos os segmentos da sociedade brasileira colaboraram para isso. Assim como no Estado atual o Brasil privado também foi construído com retalhos, repleto de excessos regulatórios, em ambientes que propiciam o domínio poucas empresas, com raros estímulos evidentes à inovação. Uma correção para isso? Desprotegerem esses setores concessionados permitindo que pequenas empresas explorem nichos nos mesmos. Será uma oportunidade extraordinária para o empreendedorismo brasileiro.
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Não é cabível custos 10 vezes maiores que a região norte de Portugal para IPTU e IPVA. Computadores e bens de consumo custam duas vezes mais no Brasil. Isso não pode ser aceito por uma sociedade consciente. Uma bomba na geração da riqueza.
O Estado adequado deve ter políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do país, em termos econômicos, ambientais e sociais. Equilibrar e explicar esses três aspectos desde o ensino fundamental provocará uma transformação incrível. A Coreia do Sul conseguiu em poucas décadas um enorme salto comparativo ao Brasil. Na nova economia da inteligência artificial as projeções apontam que os EUA já não mais liderarão a geração de riqueza nesse setor. O Estado não pode ser visto como um lado apartado do mundo privado. Um Brasil melhor é possível, não da boca para fora. Fundamental educar melhor nosso ótimo povo, que já encanta o muito o mundo com qualidades diferenciadas em coisas simples, mas que precisa ser bem mais preparado para deixar o mundo boquiaberto em coisas complexas. Nossa base democrática avança de maneira conflituosa, mas solidifica-se. Há países que não conseguem enxergar o dia que terão uma base democrática como a nossa. Temos talentos em todo o território nacional, que ainda aqui estão. O desafio não é opcional. O Brasil sustentável demanda planejamento integrado, implantação responsável, execução e retroalimentação primorosas.