Em tempos de crise, assembleias legislativas estão gastando com cartas, flores e aluguel de carros. Não tem nada de ilegal, mas vai explicar para o eleitor esses gastos supérfluos em um momento de crise financeira. É sinal de pouco caso com o dinheiro público, com o dinheiro do contribuinte. Afinal, quem manda carta hoje em dia?
Os exemplos são muitos. Em um ano, a Câmara Legislativa do Distrito Federal gastou mais de R$ 2,1 milhões com o envio de correspondências. Esse é apenas um entre vários exemplos de desperdício de dinheiro público. O orçamento autorizado para a despesa era de R$ 5,5 milhões para os gabinetes do 24 deputados e também para a administração. Apesar disso, o orçamento para 2017 é ainda mais generoso: R$ 6,5 milhões.
A Câmara do DF diz que o deputado tem a obrigação legal de divulgar o trabalho que realiza no mandato. Como 14% das casas do DF não possuem internet, eles precisam mandar cartas. Cada deputado tem uma cota mensal de 10 mil cartas, o que representa um custo de R$ 200 mil por ano com correspondência para cada um. Mas nem sempre as cartas divulgam o trabalho dos deputados. São encaminhadas correspondências com textos sobre aniversários e festividades como Natal e Ano Novo.
Em tempos de vacas magras, alguns gastos poderiam ser evitados ou reduzidos. A Assembleia Legislativa do Tocantins gastou, por exemplo, R$ 112 mil com flores no ano passado. O valor equivale a 2,2 mil buquês de rosas ou 440 coroas de flores. Uma única floricultura vendeu R$ 26 mil em abril e quase R$ 29 mil em junho. A Assembleia do Tocantins também pagou R$ 800 mil em três restaurantes da capital em 2016.
Semana passada, no Paraná, o secretário-chefe da Casa Civil foi pessoalmente à Assembleia para falar sobre o ajuste de contas que o estado está promovendo. Valdir Rossoni disse que a época é de prudência nos gastos. “Estamos confiantes em atingir as nossas metas, mas mantemos os pés firmes no chão, cientes que de que o reaquecimento da economia pode demorar mais do que desejávamos”, afirma.
O recado foi para deputados que gastaram R$ 19 milhões em 2016 com aluguel de carros, combustível, alimentação e pesquisas de opinião, por exemplo. O montante é R$ 1,2 milhão superior ao desembolsado em 2015. Os gastos com correios e postagens somaram R$ 840 mil no ano passado.
O diretor da Associação Contas Abertas diz que ninguém discute a legalidade desses gastos, mas em um momento em que é preciso cortar despesas, é fundamental aprender a eleger prioridades. “Em tempo de teto de gastos, que já está valendo para a União, mas está sendo adotado por estados e municípios, o que for gasto em flores e correspondência, vai deixar de ser aplicado em saúde e educação, por exemplo, que são gastos muito mais importantes”, afirma.
Confira a reportagem completa no “Bom dia Brasil”.
Fonte: Contas Abertas.
No Comment! Be the first one.