Iniciar um “relacionamento sério” com o investidor nem sempre é fácil. Para ajudar a promover o diálogo dos empreendedores com seus captadores, o Quintessa lançou o programa sponsorship. A cada edição, quatro negócios são selecionados para receberem capital de um potencial investidor.
O projeto passa por uma “fase de namoro” por 12 meses e depois o sponsor “bate o martelo” se quer ou não aplicar dinheiro nas empresas. A proposta foi apresentada no painel “Investimento Semente para Negócios de Impacto”, evento realizado no dia 21/02 no espaço Civi-co, em São Paulo.
No encontro, Rob Parkinson, consultor do Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), trouxe um panorama dos negócios de impacto no Brasil. A organização fez um estudo em 2016 que mostrou que o país possui 29 investidores.
Além disso, há US$ 186 milhões disponíveis para serem investidos. “Se formos comparar com cenário internacional, dentro do mundo de investimento de impacto ainda é um número pequeno”, diz.
Para o fundador do Quintessa, Leo Figueiredo, os empreendedores precisam equilibrar seu propósito com a busca por retorno financeiro. “Só resultado não vai fazer a empresa criar uma grande história”, diz o investidor. Segundo ele, quando o negócio consegue resolver alguns dos problemas socioambientais o resultado na maioria das vezes é inevitável.
Negócios sementes
Conhecida como Vale da Morte, a fase inicial de um negócio é decisiva para que a empresa continue respirando. Carolina Aranha, cofundadora da Pipe Social, diz que muitas vezes os empreendedores precisam de capital para colocar o protótipo do negócio no mercado ou mesmo necessitam investir no marketing do produto. “Se não investir na parte inicial, eles vão morrer”, afirma a empreendedora.
Recentemente, a Pipe Social fez um Mapa de Impacto Social + Ambiente com 549 empresas. Os dados mostram que 79% dos negócios de impacto estão captando investimento. Desse número, 38% captam até R$ 200 mil, 33% de R$ 200 mil a R$ 1 milhão e 23% mais de R$ 1 milhão. “Uma quantidade grande de empresas em estágio inicial tem uma captação pequena”
Ser sustentável financeiramente é um dos critérios usados por Lara Lemann para investir em um negócio. Ela diz que, muitas vezes, encontrava ideias interessantes no mercado, mas as empresas não estão preparadas do ponto de vista de gestão. “O modelo de sponsorship faz muito sentido para mim, porque eu sou uma investidora jovem e não tenho tanta experiência”.
De acordo com Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa, o programa de aceleração da instituição seleciona empresas que buscam soluções para superar os desafios socioambientais e tenha potencial de lucratividade.
O intuito do programa é preparar os empreendedores para receber o investimento. “Não é só trazer o capital semente”, diz Anna. Ela ainda explica que no sponsorship há uma estrutura para apoiá-los como por exemplo reuniões com o sponsor e encontros bimestrais com mentores. O aporte financeiro para o negócio é entre R$ 100 mil e R$ 400 mil.