Do blog: Shrugged de Diogo Chiuso
Há pelo menos uns três dias eu estou rindo disso:
Carta de Voltaire à Rousseau, em 30 de agosto de 1755:
“Recebi, Monsieur, vosso novo livro contra o gênero humano. E eu agradeço. Agradará aos homens, a quem vós dirigis vossas verdades, e vós não os corrigireis*. Não poderíamos pintar com cores tão fortes os horrores da sociedade humana, cuja nossa ignorância e nossa fraqueza prometem-nos tanta consolação. Jamais se empregou tanta vontade em querer nos tornar animais. Sente-se ganas de andar com quatro patas quando se lê vossa obra. No entanto, como perdi esse hábito há mais de sessenta anos, sinto que infelizmente não tenho como retomá-lo, e deixo este comportamento natural aos que são mais dignos do que o senhor e eu.
(…)
M. Chappuis informou-me que vossa saúde anda muito mal; seria necessário vir restabelecê-la respirando o ar da terra natal, gozar a liberdade, beber comigo o leite de nossas vacas e pastar o nosso capim.
Muito filosoficamente e com a mais alta estima, etc.”
* Os verbos na segunda pessoa do plural podem parecer estranhos a nós brasileiros que já os suprimimos, mas assim segue para manter la forme de politesse française.
Agradeço ao amigo Marcelo Gonzaga que, partilhando a piada, tornou-me um sujeito mais feliz, pelo menos nesses três últimos dias.
Encontra-se a carta na íntegra, bem como a resposta de Rousseau (ambas em francês), aqui.
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