* Por Vladimir Damiani Caridá
Investimento é um tema que tem ganhado relevância para os brasileiros. Com novas gerações que não viveram a hiperinflação – época de sucessivas trocas de moeda e confisco de poupança – a crença de que imóvel é o único investimento possível vem sendo deixada para trás . Soma-se a isso fatores como: maior acesso à informação, surgimento de fintechs oferecendo produtos melhores dos que aqueles comumente ofertados pelos grandes bancos e a preocupação com o futuro da previdência social. O cenário gerado é o do investidor pessoa física diante de uma prateleira com ampla gama de produtos financeiros.
Após a descoberta do mundo da renda fixa, com seus títulos privados e Tesouro Direto, o próximo passo do investidor costuma ser a renda variável. Acontece que entrar na bolsa envolve um entendimento de mercado que muitos iniciantes ainda não possuem, o que os leva a assumir riscos que não conhecem. Assim, este texto tem o objetivo de expor e sugerir 3 ideias facilmente implementáveis para o investidor comum tomar risco com mais segurança.
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Em primeiro lugar, é importante lembrar que renda variável varia e, às vezes, para baixo! Por mais que o esperado seja obter retornos maiores que os da renda fixa, em algumas ocasiões pode-se perder muito dinheiro. Cautela é fundamental. Alguns estudos de finanças comportamentais mostram que a dor de uma perda em seus investimentos é maior que a alegria de um ganho (sua tristeza em perder 50% do patrimônio é maior do que a alegria de ganhar 50%). Temos, portanto, a primeira regra: nunca coloque um percentual elevado do seu patrimônio em renda variável. Esse percentual é relativo e depende do seu perfil de investidor, mas qualquer coisa acima de 20% é extremamente arriscado e não recomendável.
Definida a parte do patrimônio que será alocada em renda variável, vamos para a segunda regra: diversificação. Talvez por influência de Buffett, talvez por dispor de poucos recursos, muitos investidores acabam concentrando seus investimentos em uma ou poucas ações. Por mais que se conheça e confie numa empresa, um fato inesperado (delações, desastres naturais, guerras em países atendidos pela empresa, etc) pode impor grandes perdas. Uma carteira formada por ações de 10 a 15 empresas diferentes costuma ser suficiente para se proteger desse risco. Para o investidor que não possui recursos suficientes para comprar muitas ações, uma sugestão seria recorrer ao mercado fracionário ou, então, a compra de índices que simulam uma cesta de várias ações (BOVA11, por exemplo, é um papel que simula o desempenho de todas as empresas que compõem o Ibovespa).
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Por fim, a terceira e última regra: tenha seguros! Se você tem um carro, é provável que pague seguro do mesmo. Com seus investimentos não pode ser diferente. Há duas formas acessíveis de ter algo parecido com um seguro ao investir na bolsa. A primeira é destinar uma pequena parcela do seu patrimônio – cerca de 5% – para aplicações em dólar (via fundo cambial, por exemplo). Quando a bolsa vai bem, os ganhos costumam superar em muito as perdas com o dólar, mas quando a bolsa vai mal, o dólar valoriza e ameniza as perdas. A segunda forma de se proteger é alocando uma fração mínima dos investimentos – cerca de 1% – em puts (opções de venda), que irão valer zero quando a bolsa subir, mas que podem disparar mais de 1.000% num cenário de estresse, ajudando a compensar o prejuízo de uma eventual queda da bolsa.
Com cautela, diversificação e segurança o investidor consegue melhorar a relação risco e retorno de sua carteira, garantindo bons rendimentos no longo prazo e noites de sono muito mais tranquilas.
Fonte: “Terraço Econômico”, 07/02/2019