Estudo indica que, na contramão da média regional, desemprego de jovens já subiu no ano passado
O desemprego na América Latina e no Caribe tem caído de forma consecutiva há quatro ano e chegou ao seu patamar mais baixo na história, para 6,2%. Mas alguns dados compilados pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que há dados que geram dúvidas sobre o bom desempenho neste ano. A expectativa de que a região cresça 2,7% neste ano mostra que há grandes desafios para ampliar o mercado de trabalho.
“Dado o modesto crescimento econômico projetado para a região em 2014 e as tendências atuais de participação no trabalho, prevemos uma baixo ritmo de geração de empregos, com o qual é provável que não se registrem grandes variações na taxa de desemprego”, informou o documento elaborado conjuntamente pelas duas agências da ONU.
No documento “Conjuntura do Trabalho na América Latina e no Caribe”, há o destaque para a queda da taxa de desemprego, que passou de 11,1% em toda a região em 2003 para 6,2% no ano passado. Neste intervalo, o Brasil deixou de ter uma taxa maior que a média regional (12,3% de desemprego em 2003) para ficar abaixo do conjunto dos países no ano passado (5,4%).
Mas o estudo aponta alguns indicativos de esgotamento do modelo, como a alta registrada no desemprego dos jovens (15 a 24 anos) passou de 14% em 2012 para 14,3%, enquanto o desemprego da população com 25 anos ou mais passou de 4,6% para 4,5%. Ou seja, a taxa de desemprego dos mais jovens agora é 3,2 vezes superior à dos adultos, enquanto que em 2012 essa relação estava em 3 vezes.
“Desta maneira, apesar dos níveis relativamente baixos de desemprego, a situação dos mercados de trabalho apresentam grandes desafios para as políticas de emprego, de modo que os países avancem na geração de emprego de qualidade e, em particular, se fomente a inserção laboral dos jovens”, afirma o documento.
O estudo indica ainda que a melhora no desemprego já foi mais lenta em 2013, quando a região cresceu, em média, 2,5%. A renda subiu menos e algumas nações apresentaram alta na desocupação: Bahamas, Costa Rica, Jamaica, Honduras e República Dominicana. O desemprego das mulheres também continua mais alto que o de homens na região: fechou o ano em 7,3%, contra 5,4% da taxa masculina.
Transferências geram ‘ciclo virtuoso’
A Cepal e a OIT ainda afirma que, caso aumente o desemprego neste ano, os países da região precisam se preparar para ampliar o apoio de seguro desemprego, caso o dinamismo econômico mais lento gere uma redução do número de pessoas empregados. “Há dúvidas sobre a sustentabilidade do este positivo desempenho no mercado de trabalho da região no futuro próximo”, diz o documento.
O estudo conclui dizendo que a geração de emprego da última década foi favorecida pelo fortalecimento da proteção social e da implementação de novos programas sociais de transferência de renda, que ajudam na redução da pobreza.
O documento lembra que 21% da população regional já recebe algum tipo de transferência condicionada (quando há a obrigatoriedade de contrapartida, como estudo dos filhos e capacitação técnica). Ao contrário do que muitos indicam, que estes programas de transferência de renda incentiva o desemprego, na verdade, segundo as duas instituições, gera um “círculo virtuoso” na economia.
Fonte: O Globo
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