Na eleição presidencial mais competitiva desde a redemocratização, a escolha de quem vai governar o país estará, nos próximos dias, mais nas mãos dos eleitores indecisos do que entre aqueles que já se decidiram por Dilma Rousseff (PT) ou Aécio Neves (PSDB). Mas há também um grupo que pode influenciar o resultado final: aqueles que pretendem votar em branco ou anular, que hoje somam entre 4% e 6%, segundo os institutos de pesquisa. Mas onde estão esses brasileiros? Uma análise com o uso de um software de estatística espacial, ou seja, que leva em conta a distribuição geográfica dos votos no primeiro turno nos mais de 5,5 mil municípios, oferece não apenas pistas sobre esses potenciais eleitores, mas também uma mudança que aponta para algumas dificuldades que os candidatos terão para mobilizar esse contingente nesta reta final da campanha.
Há quatro anos, um conjunto de 1.146 cidades concentrou 17,9% dos votos brancos/nulos no primeiro turno da disputa presidencial. Esses municípios estavam distribuídos mais consistentemente em cidades dos estados do Nordeste. Este ano, porém, a mancha se moveu, atinge menos cidades (886) mas com um volume muito maior de brancos/nulos. A distribuição desses votos, concentrados agora nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Natal e em outras cidades próximas do litoral na região Nordeste representou 48% dos brancos/nulos de todo país no primeiro turno. Em números absolutos, eles formam um contingente 5,3 milhões de pessoas que não encontraram motivos para depositar o voto em qualquer um dos candidatos a presidente no primeiro turno.
A alta proporção de brancos/nulos coincide, em boa parte dos casos, com áreas nas quais as manifestações de junho de 2013 foram mais intensas, caso especial do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. No caso do Rio, a correlação encontrada entre os municípios é tão forte que a mancha de altas taxas de bancos/nulos tomou praticamente todo o estado. A sobreposição das áreas onde ocorreram os protestos e os votos brancos/nulos pode ser um indicativo da dificuldade que os candidatos a presidente poderão enfrentar para mobilizar esses eleitores. A dificuldade, contudo, não significa impossibilidade. Há chances de os brancos/nulos decidirem por um dos candidatos. Na eleição de 2010, por exemplo, o percentual de brancos/nulos no primeiro turno chegou a 8,6%, mas caiu para 6,6% na segunda etapa da disputa.
Fonte: O Globo.
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