A economia global levará muito mais tempo para se recuperar totalmente do choque causado pelo novo coronavírus do que o inicialmente esperado, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, ao mesmo tempo em que enfatizou o perigo do protecionismo.
Em entrevista à Reuters, Georgieva disse que o Fundo deve rever para baixo sua previsão de uma contração de 3% no PIB em 2020, com apenas uma recuperação parcial esperada para o próximo ano, em vez da alta de 5,8% inicialmente projetada.
No domingo, 17, em entrevista à rede de TV CBS, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a plena recuperação da economia deve ser lenta e que depende de uma vacina contra Covid-19. Segundo ele, a retomada da economia pode se estender ‘até o fim de 2021’.
Na conversa com a Reuters, a diretora-gerente do FMI acrescentou que os dados de todo o mundo vieram piores do que o esperado.
— Obviamente, isso significa que levaremos muito mais tempo para ter uma recuperação completa dessa crise — disse na entrevista, embora não tenha estimado uma data-alvo específica para a recuperação.
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Em abril, o credor global previu que os fechamentos de empresas e isolamento social decretado por alguns paíse para retardar a propagação do vírus levariam o mundo à recessão mais profunda desde a Grande Depressão dos anos 1930, mas, desde então, dados apontam para “mais más notícias”, disse Georgieva no início deste mês. O FMI deve divulgar novas projeções globais em junho.
Questionada sobre as renovadas tensões entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, Georgieva disse que está pedindo aos países membros que mantenham comunicação aberta e fluxos comerciais que sustentem o crescimento global por décadas:
— Precisamos manter os fluxos comerciais abertos, especialmente para suprimentos médicos, alimentos, e, por prazos mais longos para encontrar um caminho para superar o que está acontecendo agora com esta crise. Queremos continuar a construir esse futuro mais próspero para todos, superando as cicatrizes que possam resultar dessa crise.
As tensões entre os Estados Unidos e a China aumentaram nas últimas semanas, com autoridades de ambos os lados sugerindo que um acordo duramente vencido que neutralizasse uma guerra comercial de 18 meses poderia ser abandonado meses após a assinatura.
Georgieva alertou ainda contra a volta para o protecionismo como resultado da crise.
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— Não devemos nos afastar do que tem funcionado para as pessoas em todos os lugares: uma divisão do trabalho, colaboração e comércio, que permitem diminuir os custos de bens e serviços, aumentar a renda e permitir que a pobreza nos países e entre países diminua — afirmou.
O FMI — criado após a Segunda Guerra Mundial para promover a estabilidade financeira, facilitar o comércio e reduzir a pobreza em todo o mundo — forneceu financiamento de emergência a 56 países desde o início da crise e decidirá sobre 47 pedidos adicionais o mais rápido possível, disse Georgieva.
Um porta-voz do FMI disse que cerca de US$ 21 bilhões em financiamento de emergência, com taxas de juros muito baixas, foram desembolsados até o momento.
Georgieva acrescentou que o Fundo também poderia conceder subsídios para ajudar os países mais pobres a cobrirem seus pagamentos do serviço da dívida com o organismo até o fiml do ano, depois de levantar novos compromissos de empréstimos de seus membros.
Fonte: “O Globo”