Do blog: Diários da Política de Márcio Coimbra
Com o Senado de volta, o senador Pedro Simon foi responsável por colocar fogo no plenário. Foi a tribuna e exigiu a renúncia de Sarney, como um “gesto de grandeza”.
Sarney, que havia presidido o início da sessão e já havia se retirado, foi defendido por Renan Calheiros. A discussão entre ambos foi acalorada e Simon mirou na honra de Renan, acusando-o de ter traído o presidente Fernando Collor. Erro de cálculo político do senador gaúcho.
Neste momento o presidente Collor entrou no plenário para defender-se, afinal de contas, seu nome havia sido citado. Passou um corretivo em Simon, daqueles memoráveis (“parlapatão que é”, segundo Collor), de forma enfática, veemente: “Peço encarecidamente, que por favor, antes de citar o meu nome desta tribuna, vossa excelência engula, digira e faça dela o uso que julgar conveniente”.
Collor passou então a defesa de Sarney, relembrando os terríveis momentos que passou acoado pela mídia: “Esta Casa não pode e não haverá de se agachar aquilo que a mídia ou certa parte da mídia deseja. (…) Eu sei o que é isto, porque por isto eu passei, em muito maior escala. Eu sei como essas coisas funcionam, eu sei como tudo isso é feito, como tudo isso é forjado, eu sei como tudo isso nasce, como tudo isso desabrocha e a quem tudo isso interessa”.
Acima de defender Sarney, Collor defendia o Senado, o que poucos entenderam. O Senado, em sua opinião, não pode cair de joelhos, e aquele escolhido pelos senadores, deve cumprir integralmente seu mandato. Collor, em outras palavras, está disposto a não deixar acontecer com o Senado aquilo que fizeram com sua Presidência. Memorável.
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