Antes restrito aos chamados investidores qualificados, que têm pelo menos R$ 1 milhão depositados no banco, o investimento em empresas de impacto social começa a chegar ao investidor comum. Estão surgindo no mercado plataformas de empréstimo coletivo , com aplicação inicial a partir de R$ 500, em que o interessado pode investir os recursos em negócios voltados para evitar a degradação do meio ambiente , melhorar a saúde do país ou a qualidade do ar do planeta.
Essas plataformas digitais conectam pessoas físicas com empresas que precisam desses recursos para crescer. Em troca, recebem de volta juros e o capital emprestado ou acabam se tornando sócios dos empreendimentos. No caso de sociedade, o retorno do investimento costuma ser de médio prazo, cerca de sete anos.
Últimas notícias
Quais são as profissões do futuro no Brasil – e qual salário de cada uma delas
Previdência deve manter economia acima de R$ 900 bi
Reforma da Previdência favorece retomada de investimentos
Para o empreendedor, é uma forma de captar recursos sem passar pelos grandes bancos, onde o dinheiro é escasso para empresas pequenas e médias. E, quando o empréstimo é liberado, os juros costumam ser bem elevados. Para o investidor, fica o bem-estar de ter contribuído para uma causa, embora haja risco de o investimento dar prejuízo. É importante que o investidor se informe sobre a gestão da empresa e a atividade que ela desenvolve.
A plataforma emprestimocoletivo.net surgiu há menos de um mês com esse objetivo. Foi criada pela Sitawi Finanças do Bem, organização social especialista em soluções financeiras, que faz parceria com o Instituto Sabin. A Sitawi, que existe há dez anos, já mobilizou R$ 30 milhões para esse tipo de empreendimento.
Seleção prévia
Para receber recursos pela plataforma, que já captou R$ 700 mil, foram selecionadas cinco empresas. Entre elas estão negócios que ajudam a melhorar a agricultura familiar no sertão, que impulsionam a produção de alimentos orgânicos, e outras que trazem impacto positivo para a saúde, a educação e a distribuição de água potável no Brasil.
— Selecionamos empresas que já nasceram para gerar algum tipo de impacto. E escolhemos negócios que já geram lucro — diz Andrea Resende, gerente de investimento da Sitawi.
No caso da Sitawi, o investidor não se torna sócio do empreendimento. Nos quatro primeiros meses, ele recebe juros de 1% sobre o que emprestou e a partir do quinto mês começa a ter de volta o capital investido, mais o juro. Em 24 meses, o empréstimo é quitado pela empresa. Mesmo com o risco diluído pela seleção de empresas que já dão lucro, ainda assim existe a possibilidade de uma delas quebrar durante a operação. E o capital investido, neste caso, não é coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O fundo funciona como uma espécie de seguro pago pelos bancos que cobre os prejuízos do investidor em aplicações financeiras, como poupança e fundos de investimento, em até R$ 250 mil, caso a instituição quebre.
— Nos últimos oito anos, nossa inadimplência foi de 3%. Nesse período, duas empresas deixaram de existir — conta Andrea.
+ Turminha da Liberdade lança segundo livro
Sem acesso a crédito nas grandes instituições, a Orgânicos in Box foi selecionada pela Sitawi para receber um empréstimo de R$ 600 mil. Criada em 2014, no Rio de Janeiro, ela oferece alimentos orgânicos a consumidores a preços menores por meio de uma plataforma de e-commerce. O ritmo de crescimento da empresa vem sendo de 10% ao ano. Mas, mesmo faturando cerca de R$ 100 mil ao mês, ela teve negado um empréstimo de R$ 50 mil num banco há cerca de dois anos.
— Vamos utilizar os recursos do empréstimo feito pela plataforma para crescer 25% este ano, e também dar capacitação técnica aos pequenos agricultores — diz Aline Santolia, fundadora da Orgânicos in Box.
Fonte: “O Globo”