O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação oficial do governo, registrou em junho alta de 1,11%, após ter avançado 0,14% em maio, informou nesta quinta-feira, 21, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Essa foi a maior taxa para um mês de junho desde o ano 1996, quando o índice registrou também 1,11%.
O resultado veio acima do teto das expectativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam variação de 0,54% a 1,07%, com mediana de 1,42%.
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“Antes de se pensar que tal deterioração é devida ao comportamento da taxa de câmbio – como pode parecer incorretamente à primeira vista – é importante ter em mente que este aumento tem a ver principalmente com o impacto da greve dos caminhoneiros no final de maio de que atingiu o fornecimento de vários produtos, especialmente itens de alimentos”, ressalta o Haitong Banco de Investimento do Brasil, referindo à depreciação persistente do câmbio nos últimos meses.
A elevação dos preços de alimentos e combustíveis, principalmente, em virtude da crise de desabastecimento causada pela greve dos caminhoneiros afetam em cheio o IPCA-15 de junho, uma vez que o movimento começou no último terço de maio. Além disso, a mudança de bandeira na conta de luz também deve pesar bastante no indicador, já que a mudança da bandeira, de amarela, que tem taxa extra de R$ 1 a cada 100 kWh utilizados, para a vermelha 2 – com cobrança adicional de R$ 5 – é considerável.
O economista da Guide Investimentos Homero Guizzo também nota que a médio e longo prazo o impacto da greve sobre os preços é desinflacionário na medida em que o evento prejudicou diretamente a atividade em maio e afetou negativamente a confiança dos agentes na economia.
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Mesmo que o cenário de inflação pareça deteriorado com os números esperados para IPCA-15 de junho, o Haitong reforça que o quadro não piorou, já que os núcleos seguem comportados devido ao ritmo lento de recuperação econômica.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”