O anúncio oficial será feito nos próximos dias, mas o certo é que a Audi voltará a montar carros no Brasil. O plano está em fase final de acabamento e a ideia é utilizar uma das unidades brasileiras da Volkswagen (controladora da Audi) para fabricar um dos modelos da marca alemã.
O mais provável é que a escolha recaia sobre a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, que durante muitos anos abrigou a bem sucedida linha de montagem do modelo A3. Na empresa, uma corrente defende que o modelo brasileiro seja a nova versão do A3, lançada recentemente na Alemanha.
Outros consideram que, se o interesse é se fixar no topo do mercado, o carro tem que ser de uma estirpe superior. Na segunda-feira, o vice-presidente mundial de compras da Audi Bernd Martens disse em Munique que a empresa desenvolverá uma estratégia para, em primeiro lugar, se beneficiar das novas normas para o mercado automotivo fixado pelo governo para empresas que produzem no Brasil.
E, em segundo lugar, impedir que a BMW, que decidiu instalar uma fábrica nas proximidades de Blumenau, em Santa Catarina, reine absoluta no mercado de carros de luxo no Brasil.
Foi para tratar dos detalhes finais dessa estratégia que o presidente da Audi no Brasil, Leandro Radomile, permaneceu na Alemanha, onde estava desde a semana passada, em companhia do grupo de empresários brasileiros que participou da Audi Business Trip, promovida pelo Lide.
A viagem incluiu audiências com a primeira ministra Angela Merkel e com o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, além de encontros com empresários alemães e uma visita à principal fábrica da Audi, em Ingosltadt, perto de Munique.
A Audi também pretende aproveitar os benefícios concedidos pelo Brasil às montadoras mexicanas. Nos próximos dias, a marca alemã inaugurará uma fábrica no México, de onde exportará para os Estados Unidos Brasil.
A pergunta é: porque a empresa, que tem ligações históricas com o Brasil, não se instalou aqui onde já tem uma rede de fornecedores e facilidades de acesso a uma mão de obra treinada? O que o México tem de melhor?
Nos últimos anos, a Audi fixou suas atenções internacionais na China (onde em uma unidade) e à construção da fábrica no México. Ninguém na companhia falará abertamente sobre o tema mas não é preciso ir longe para concluir que a escolha se deu porque o México, sobretudo naquilo que diz respeito aos custos tributários e de energia elétrica, é ambiente muito mais amigável para a indústria do que o Brasil.
O crescimento dos últimos anos, somado ao vigor pela inclusão de milhões de brasileiros ao mercado de consumo fez crescer, sem dúvida, o interesse que o Brasil desperta entre as empresas do mundo.
Mas o caso da Audi é razão mais do que suficiente para o governo se perguntar por que uma empresa que tem todas as razões para se instalar no Brasil (inclusive a vontade de seus dirigentes) prefere o México.
E deixar para o país uma posição secundária em sua estratégia de global. A resposta, claro, é o modelo tributário. Que precisa ser revisto. Logo.
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