Uma das lideranças do movimento liberal no Brasil, o empresário Winston Ling, que mora na China desde 2001, foi quem aproximou Jair Bolsonaro do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. Filho de imigrantes chineses que fundaram o Instituto Ling de Porto Alegre, Winston prevê que, se o plano de Guedes for implementado, o Brasil será a nova China. “Eles estão agora desacelerando e esse espaço, eu espero, será ocupado pelo Brasil”, diz ele, que comanda a Wintech Ventures, que investe em startups em vários países do mundo.
Estadão – Como foi a sua aproximação com Bolsonaro?
Winston Ling – Quando o encontrei pela primeira vez, em 2016, dei dois livros sobre o liberalismo: A Lei, de Frederic Bastiat, e Seis Lições, de Ludwig Von Mises. Eu via a movimentação do Bolsonaro e senti que ele tinha popularidade e que teria chance de ser presidente. Sou do tipo que gosta de se aproximar das pessoas e evangelizar sobre o liberalismo. A Bia Kicis (agora deputada federal eleita pelo DF) caiu do céu. Ela queria me conhecer e eu queria conhecer o Bolsonaro. Eu acreditava que, se ele tivesse alguma chance de ser presidente, era hora de começar a pensar no programa econômico e organizar um grupo de conselheiros com empresários e economistas liberais.
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Estadão – O que se espera do governo Bolsonaro na área econômica?
Winston Ling – O Paulo Guedes é bastante radical no liberalismo e tudo que estamos vendo até agora confirma a esperança de que se consiga fazer alguma coisa correta de diretriz de política econômica. A redução dos ministérios é um exemplo. Guedes falou em oito ministérios. Bolsonaro, em 15. Assim, vamos negociando e quem sabe se chega em 12.
Estadão – Por que é tão importante a redução dos ministérios?
Winston Ling – Numa empresa, há um limite de pessoas com quem o administrador consegue trabalhar e conversar. Hoje, são 39 ministérios. É muita gente para administrar. Fiquei aliviado em saber que o Mdic vai ser fundido com Fazenda e Planejamento. É importante reduzir a pressão dos empresários lobistas e corporativistas em cima do governo.
Estadão – Bolsonaro e Guedes vão resistir a essa pressão?
Winston Ling – Eu e todos deveríamos torcer para que resistam porque empresário tem de ser empresário.
Estadão – Guedes comprou uma briga grande quando disse que o governo Bolsonaro ia salvar a indústria, apesar dos industriais.
Winston Ling – Ele comprou uma briga grande. A recomendação para todos os empresários, industriais, fazendeiros é: vamos focar no nosso negócio e melhorar a nossa eficiência na produção, tirando o foco do governo.
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Estadão – O que é mais imediato?
Winston Ling – Tem muita coisa para fazer na área tributária e desregulamentação. O Paulo vai equiparar o Brasil ao resto do mundo, que está reduzindo o Imposto de Renda para 20%. Espero uma redução e simplificação dos impostos. Vai ajudar a trazer os investimentos para o Brasil.
Estadão – Guedes não está comprando muita briga logo no início?
Winston Ling – É o jeito dele. Vai dar certo. O Brasil vai se acostumar com o jeito do Bolsonaro e dele também. Estou otimista. Quando eu me mudei para a China, em 2001, era um lugar onde tudo era muito livre, rápido e a economia crescia a taxa de dois dígitos ao ano. E eu acho que o Brasil vai ser a nova China. Eles estão agora desacelerando e esse espaço espero que seja ocupado pelo Brasil. Se o Brasil conseguir fazer tudo que o Paulo quer fazer, vai criar um ambiente propício para os negócios.
Estadão – Mas os chineses estão preocupados com o governo Bolsonaro
Winston Ling – Acho que não vai ter problemas. Não vai ter briga. Não vai estar vinculado à ideologia. Não tem como os chineses ficarem preocupados e também o Brasil não precisa ficar se preocupar.
Estadão – Foi Bolsonaro quem manifestou preocupação.
Winston Ling – Os brasileiros não conhecem a China. Se o plano Paulo Guedes for implementado, vamos estar anos luz à frente dos nossos vizinhos. O Brasil será a nova China e os capitais do mundo vão vir para o Brasil. Os cérebros e investidores virão. Por que eles foram embora? Imposto muito alto, uma confusão de leis e regulamentações. Isso tudo vai ser resolvido.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”