O crescimento acelerado das edtechs está transformando o setor da educação. A pandemia fez com que startups do setor multiplicassem seu faturamento, ao mesmo tempo em que criavam tecnologias para suprir as necessidades de um sistema tradicionalmente presencial. Mas ainda há muito a fazer, especialmente no Brasil, um país que viu sua educação dar passos gigantes para trás em 2020.
As tendências que estão moldando o segmento das edtechs foram o tema do Education Day BSV, evento realizado pela Brazil at Silicon Valley, que contou com a participação de Dan Carroll, co-fundador da empresa Clever, especialista em softwares para a área da educação.
“As edtechs podem ajudar a personalizar o aprendizado”, disse Carroll, durante o debate. Ex-professor de ensino médio, ele afirmou ter fundado a Clever para criar conteúdos que facilitassem a vida de professores e estudantes, melhorando o nível do aprendizado e resolvendo gargalos do setor.
“Com os nossos softwares, se você entendeu algo muito rápido, pode seguir para outro tópico. Se está com dificuldade em algum assunto, pode praticar por mais tempo”, diz ele. “Nada disso é possível no ensino tradicional.”
O avanço da educação remota foi um dos temas abordados por Amit Patel, diretor-gerente da fundo do Vale do Silício Owl Ventures. “No futuro, estudantes de uma determinada parte do mundo vão poder aprender com professores de outro continente. E terão as melhores condições para acessar esses conteúdos online ou participar de lives’”, afirmou o executivo.
Para quem teme que o futuro da educação seja estudar em casa, Dan Carroll faz questão de dizer que é totalmente contrário a ideia. “O melhor jeito de aprender não é em casa, sozinho, apenas pelo computador. O melhor caminho é levar a tecnologia para as salas de aula. Passar alguns momentos com o professor, outros no computador e alguns momentos em pequenos grupos”, diz ele.
Contudo, nenhuma tecnologia resolverá o problema se não for acessível a todos. De acordo com Amit Patel, o Brasil tem um potencial de inovação muito forte e será capaz de criar as ferramentas necessárias para isso. Mas será necessário um esforço concentrado das autoridades. Ele cita como exemplo os Estados Unidos, que investe pesado em tecnologia no ensino.
Para Carroll, ter acesso à instrumentos tecnológicos de aprendizado deveria ser parte dos direitos humanos. “Pensando na economia atual, o acesso às tecnologias é fuindamental para o aprendizado de novas funções e a conquista de um emprego especializado”, afirma o co-fundador da Clever.
Fonte: Época Negócios “30/07/2021”
Foto: Alena Darmel/ Pexels