Estive estes dias em uma agência dos Correios. Como todos sabem, esta empresa ainda é a única (monopolista) no negócio do transporte de correspondências. Peguei minha senha às 15h55min ou algo assim e esperei. Por volta das 16h30min fui atendido. Primeiro, devo dizer que fui tratado de maneira exemplar, por uma funcionária educada e o tom da conversa foi cordial. Saí da agência, se não engano, às 16h40min, com minha encomenda embaixo do braço.
O leitor pode imaginar que tenho experiências similares em outros ramos do comércio, sejam eles caracterizados por um forte poder de monopólio (como são os Correios) ou não. Bancos, papelarias, lanchonetes, restaurantes… Em algum momento de minha passagem pelos diversos ramos do comércio, sim, enfrentei filas. Filas. Ninguém gosta de filas, mas todos entendem sua ocorrência em maior ou menor grau. Alguns países possuem práticas comerciais mais avançadas, que minimizam o desgaste do consumidor enquanto outros, por pressões sindicais ou práticas ineficientes, não se importam com o tamanho da fila.
A maneira correta de combater as filas é estimular a concorrência. Filas em papelarias são proporcionais ao poder de monopólio das mesmas em seu bairro. Filas em agências bancárias também dependem da concorrência sendo que, neste caso, o “homebanking” ajuda um bocado na diminuição do seu tempo gasto na fila. Filas em restaurantes? Existem. Eu, por exemplo, quando vejo uma fila em um restaurante, escolho outro lugar para tomar meu chopp. Há os que gostam de enfrentar filas, nestes casos, pelo prazer social de se estar num restaurante “da moda”, como nos explicou Gary Becker em um interessante artigo sobre demanda e relações sociais.
Embora seja óbvio que filas não existem por “maldade” dos comerciantes, existem políticos que buscam votos apelando para algum tipo de lei que, nem de longe, passa pelo estímulo à concorrência. Lembro-me de uma lei que exigia que as pessoas não ficassem mais de 15 (quinze) minutos numa fila dentro de uma agência bancária. Como se sabe, no discurso não-liberal, banqueiros são criaturas malignas que se deliciam ao ver velhinhos e grávidas em filas imensas. Como combater isto? Criando-se uma lei.
Ora bolas, a lei não pegou e não faço idéia do que foi feito da mesma (se está na lixeira da história ou apenas engavetada ou, sei lá, aguardando regulamentação de algum tipo). Mas eu me pergunto sobre sua eficácia. E também me pergunto sobre que culpa tem o bancário nesta história. Sindicatos adorariam processar bancos por cumprirem a lei com geração de “estresse” dos bancários. Agora, onde está este mesmo empenho do político quando se trata de um monopólio como a empresa pública de correio? Onde está o deputado que terá a “coragem” de enfrentar o sindicato dos funcionários dos Correios e o governo com lei similar? Lembre-se: passei mais de 15 minutos na fila e não fui o único. Não é uma situação similar?
Bom, para a sorte dos Correios, não existe tal político. E, ainda para a sorte deles, eu sou um liberal e não acredito que uma lei destas ajude. Mas, para o desgosto de muitos não-liberais, eu pensaria em alguma política de estímulo à concorrência. Acho mais eficiente, economicamente, que a concorrência atue estimulando as empresas privadas de correios a buscarem métodos de diminuição das filas.
Infelizmente, eu sou apenas um liberal. Para cada liberal existem dez não-liberais que realmente acreditam que basta uma lei para se resolver qualquer problema. E, claro, dentre estes dez, não é difícil encontrar um que resolva entrar para a política com idéias que, definitivamente, não reduzirão filas em bancos, restaurantes ou agências de correios. Aliás, projetos de leis mais úteis para a prosperidade econômica podem acabar esperando na fila por conta disto…
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