Quando o assunto é culinária japonesa, o nome de Jun Sakamoto certamente é lembrado. Seus negócios, seu restaurante homônimo e também o Junji Sakamoto, faturam R$ 15 milhões anualmente e são referência para quem deseja comer o melhor da comida nipônica.
Em entrevista a PEGN, Sakamoto falou sobre a relação com seu pai e sobre como “herdou” alguns valores dele. Confira o depoimento.
“Meu pai se formou em agronomia em Osaka, no Japão, e veio para o Brasil nos anos 50, atraído pela promessa de enriquecer no campo.
Primeiro, trabalhou em uma grande fazenda nos arredores de Campinas. Depois, teve suas próprias terras na região de Presidente Prudente, onde plantou uva, melão e outras culturas.
Eu era criança e lembro bem dessa época — como os negócios iam bem, ele decidiu levar a família inteira para uma viagem de avião ao Japão. Da turma que havia vindo para o Brasil, ele era o mais bem-sucedido.
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Até que, poucos anos mais tarde, uma geada destruiu toda a plantação. Vendemos o que tínhamos para saldar as dívidas que restaram e nos mudamos para São Paulo, onde meu pai teve uma fábrica de insumos agrícolas.
Naquela época, nós conversávamos pouco sobre os negócios. Por algum motivo, ele não gostava muito que eu andasse pela empresa. Trabalhei em alguns restaurantes nos Estados Unidos antes de abrir o meu próprio, de culinária japonesa, em São Paulo, no ano 2000.
Hoje, tenho três, que faturam cerca de R$ 15 milhões por ano. Assumo uma postura tão profissional e rígida quando estou trabalhando que também me sinto estranho quando os filhos estão lá dentro.
Meu pai era muito reservado, como os japoneses em geral, e acho que herdei essa característica. Ele já faleceu, mas sinto que somos parecidos em algumas coisas, como na vontade de desbravar e na disposição para sonhar alto.
Do ponto de vista dos negócios, acredito que estou muito mais bem adaptado ao ambiente no Brasil do que ele estava, e isso faz bastante diferença. Vou praticamente uma vez por ano ao Japão, e percebo o quanto a educação e os valores de lá são diferentes dos nossos.
Tudo está voltado para o bem da sociedade como um todo. No Brasil, em contrapartida, percebo que há mais espaço para a individualidade.”
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”