Um dos maiores desafios em grandes empresas é executar, no dia a dia, o planejamento estratégico de longo prazo. No papel, os objetivos costumam soar mais claros e simples do que na prática. Perceber como cada ação da agenda aproxima – ou afasta – os executivos do plano maior é uma tarefa difícil. Para sistematizar esse trabalho, de forma minuciosa e precisa, o americano Robert Kaplan, professor de Harvard, criou, em 1992, em parceria com seu colega David Norton, um método para medir e avaliar o desempenho de profissionais dentro das empresas.
Batizado de Balanced Scorecard (BSC), o sistema parte da definição da estratégia ligadas aos serviços e infraestrutura de uma companhia. Acompanha sua implantação e, finalmente, chega ao monitoramento dos resultados atingidos. Essa técnica continua sendo usado em corporações ao redor do mundo e, segundo Kaplan, ganhou ainda mais relevância no contexto econômico atual. “A ideia de não depender exclusivamente de medidas financeiras para avaliar o desempenho dos negócios tem se tornado mais importante nos dias de hoje”, diz ele. De acordo com o consultor, monitorar os impactos de questões intangíveis nas organizações – como lealdade do cliente, inovação, qualidade, motivação e competências dos funcionários, entre outras – é atualmente um dos principais pilares de uma companhia sustentável no longo prazo.
Ao longo de mais de duas décadas, Kaplan e Norton fizeram algumas adaptações ao BSC para adequá-lo aos desafios contemporêaneos e aos novos campos de atuação dos consultores – além de empresas privadas, o sistema agora também é implementado em companhias públicas e organizações sem fins lucrativos.
O maior aprendizado da dupla de Harvard ao longo desse caminho, foi reconhecer a importância do envolvimento da alta liderança na execução de seu método de gestão. “Os CEOs e diretores são essenciais para a criação de um mapa estratégico para a empresa, para a comunicação da estratégia a todos os funcionários e para a adesão deles ao novo método”, afirma.
O especialista esteve no Brasil em junho para o HSM Business Summit. No evento, ele apresentou um resumo de sua teoria atualizada em seu livro The Execution Premium (Harvard Business Review, 2008). A seguir, as seis etapas para colocar o método BSC em prática. E garantir que o planejamento estratégico de uma empresa será revertido em atitudes do dia a dia.
1. Desenvolver a estratégia. Definir para onde vai a companhia nos próximos anos. Quais seu propósito e objetivos?
2. Traduzir a estratégia em um mapa estratégico de execução. Em outras palavras, cascatear as metas.
3. Alinhar funcionários e todas as unidades da organização na mesma estratégia. Mesmo que, para isso, precisem ser trabalhadas as áreas de negócios separadamente. As ações individuais devem estar alinhadas ao objetivo comum.
4. Vincular as melhorias operacionais às prioridades estratégicas. O que ocupa a agenda dos executivos impacta diretamente no objetivo de longo prazo? É importante repetir essa pergunta a todo momento para evitar desvio de rota ou desperdício de recursos.
5. Conduzir reuniões de revisão de estratégia para monitorar e guiar a implementação da estratégia. Nesses encontros, é possível reconhecer e corrigir os desvios de rotas e desperdícios de recursos.
6. Periodicamente, testar e adaptar a estratégia em curso. O aprendizado é constante. Em vez de entrar no piloto automático, revise o plano a todo momento.
Fonte: Época Negócios.
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