A sobretaxa sobre a importação de aço e alumínio que deve ser adotada pelo governo Donald Trump poderá resultar em um adiamento de investimentos em todo o mundo, segundo avaliação da economista Margareta Drzeniek-Hanouz, membro do comitê executivo do Fórum Econômico Mundial. “O efeito imediato (do protecionismo norte-americano) é uma incerteza gigantesca. As empresas de indústrias exportadoras provavelmente vão esperar para ver quais serão os próximos passos”, disse em entrevista ao “Estado”.
De acordo com a economista alemã, para avaliar o impacto real da decisão de Trump ainda é preciso aguardar as medidas que serão adotadas pela União Europeia como resposta ao governo americano. Caso o bloco também reaja com políticas protecionistas, o crescimento da economia global estará em risco, diz. “Sabemos que, no momento em que entrarmos em uma espiral protecionista, a economia vai reduzir seu ritmo.”
Para ela, não só o Brasil deixou de fazer reformas necessárias para alavancar a competitividade, como também a União Europeia – com poucas exceções. “As economias foram incapazes de se adaptar. Na Europa, o mercado de trabalho tem muita rigidez. Nos EUA, ainda há discussões se a competitividade que se tem hoje é suficiente. Parte disso, tem a ver com o fato de o país estar indo em direção a um modelo mais protecionista, o que costuma significar menos competitividade”, diz. “Competitividade é o maior condutor de eficiência e crescimento de produtividade.”
Margareta, que está em São Paulo para participar da versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial, afirma ainda que uma abertura comercial e uma reforma estrutural que dê ao País mais competitividade podem ser caminhos para o Brasil sair da crise econômica e fiscal. “O importante para o País é aumentar a produtividade, porque é isso que vai trazer novas receites com impostos no futuro. Existem duas possibilidades: o ajuste fiscal e focar na competitividade.”
Entre as medidas para melhorar a competitividade, ela destaca a redução da burocracia e do custo Brasil. Segundo a economista, essa será uma das recomendações que o Fórum dará ao País amanhã, no fim do evento que reunirá líderes empresariais e políticos da América Latina: “O Brasil ainda é uma economia muito rígida em termos de competição e muito protecionista.”
Fonte: “O Estado de S. Paulo”