Segundo o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa, o Brasil optou, em diversos setores, por fazer no país a maior parte da produção, com regras de conteúdo nacional, tentando ter a cadeia inteira aqui.
– Isso vai na contramão do que o mundo faz, que é identificar áreas em que se é muito eficiente. Nas demais, compra-se de quem faz melhor no mundo – afirmou, acrescentando que, além disso, o conceito de indústria mudou muito e que hoje as atividades são muito fluidas.
– A Apple é indústria ou serviço? A parte que gera imenso valor de mercado não tem fábrica. A montagem (na China) vale poucos dólares. O grande valor está na concepção.
Sobre política industrial, Lisboa diz que o país teve uma concepção equivocada. Para ele, os problemas fundamentais que prejudicam a produção no Brasil fora da fábrica não foram enfrentados.
– Nossa estrutura tributária é muito mal desenhada, muito complexa e gera muito litígio. E, no entanto, essa é uma agenda que as lideranças empresariais não adotaram. As lideranças pedem crédito subsidiado e menos impostos. Criamos uma agenda muito equivocada.
Fonte: “O Globo”