Seria impossível imaginar que a economia brasileira pudesse fechar 2020 com índices favoráveis, tendo em vista a crise sanitária que assolou o planeta. No entanto, as previsões otimistas do Ministro da Economia Paulo Guedes, que apontavam para uma parada brusca por causa da pandemia e uma subida em “v”, graças a conservação das engrenagens produtivas, parece ter se confirmado.
Segundo nota divulgada pelo governo federal na última sexta-feira (11), a indústria superou em 2,3% o nível de produção do período pré pandemia. O comércio cresceu acima de 5%, em comparação a janeiro deste ano. Já o setor de serviços, apesar da recuperação mais lenta, cresceu acima da média de mercado para outubro de 2020, registrando a 5ª alta consecutiva.
Para o Secretário de política econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, o comportamento do setor de serviços está intimamente relacionado às medidas de distanciamento social que, conforme forem reduzidas, permitirão um aumento mais robusto do setor. Ouça o podcast.
Diferente de crises anteriores, a maior perda de ocupação atingiu os informais que, com o isolamento social, ficaram impossibilitados de exercerem suas atividades. A previsão é de que, em 2021, esses trabalhadores possam ser novamente incorporados ao mercado, acompanhando o movimento de retomada do setor de serviços.
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Acreditando na consolidação fiscal e se apoiando em uma agenda de reformas, Sachsida prevê um crescimento econômico de longo prazo. “Para 2021 esperamos crescer 3,2%. É uma estimativa conservadora, quando olhamos a previsão do mercado, já estamos em 3,4% e vários analistas apostam em um número ainda maior, de 3,5 a 4% para o ano que vem”, contou.
Agenda de Privatizações
Eleito com uma pauta privatista, o Governo tem em vista para o próximo ano mais de 117 projetos de privatizações e concessões, entre elas a Eletrobrás e os Correios. No entanto, o processo de privatização pode ser bem longo. “Uma empresa para entrar na fila de privatizações, até ser efetivamente privatizada, leva 3 anos. O ano que vem é o ano que vão andar as privatizações e, junto com elas, as concessões continuam a todo vapor”, afirmou.
Tendo em vista as reformas já aprovadas em 2020 e as que estão em trânsito no Congresso, Sachsida aposta que em 2021 as reformas econômicas pró-mercado continuarão avançando. “O Governo Federal, em parceria com o Congresso Nacional, aprovou uma nova lei de saneamento e uma nova lei de falências. A Câmara já aprovou a lei do gás e foi para o senado, ou seja, está andando. A Câmara também aprovou a BR do Mar, que é um novo marco legal para cabotagem. Temos aprovada no senado a independência do Banco Central”, explicou.
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Em busca de investimento estrangeiros, a abertura econômica também é pauta do governo para o próximo ano. “Junto com privatizações e concessões, vamos também avançar na agenda de abertura econômica. Uma agenda fundamental para aumentar a competitividade e a produtividade da economia brasileira”, finalizou o secretário.
Surpreendentemente, do ponto de vista econômico, 2020 termina com números positivos. O novo ano, apesar de incerto, se inicia com a vantagem da bagagem adquirida durante os meses mais difíceis da pandemia. O que se espera é que as reformas necessárias continuem tendo espaço e as privatizações possam ser priorizadas.