Ocorreu na última sexta-feira (03), em São Paulo, a I Conferência Internacional da Liberdade, organizada pelo Instituto Liberal e pela Rede Liberdade, que reúne as principais organizações pró-liberdade do Brasil, incluindo o Instituto Millenium.
Após a abertura feita pelo empresário Salim Mattar, o primeiro painel contou com dois ex-presidentes de países latinos: Michel Temer, do Brasil, e Maurício Macri, da Argentina. Em sua fala, o ex-presidente argentino destacou as falácias do populismo, a importância do setor privado, e resumiu: “o populismo destrói nossa liberdade e possibilidade de futuro. O populismo deseja que todos dependam do governo e do seu poder”. Questionado sobre as dificuldades de se combater o populismo na Argentina, Macri reforçou que um de seus maiores males é o “ataque sistemático à cultura do trabalho”.
Já Temer, iniciou seu discurso apontando as diferenças entre medidas populistas e medidas populares. Usando o teto de gastos como exemplo, o ex-presidente explicou que as medidas populistas são aplaudidas hoje e vaiadas amanhã – até pelo próprio Estado. Já as medidas populares, como o teto, não têm apelo ou força imediatos, mas são “aplaudidas futuramente”. Temer citou que, principalmente na América Latina, ainda é comum ouvir os termos “esquerda” e “direita”, como se o primeiro fosse sinônimo de “a favor do pobres”, e o outro, “dos empresários e ricos”. Mas, reforçou que essa percepção é equivocada. “Pergunte a uma pessoa no Brasil que está passando fome, se ela é esquerdista ou direitista. Ela vai dizer que quer pão”. Sobre a situação trabalhista, ele afirma que “para ter combate ao desemprego, precisa ter emprego. Mas o empregador é visto como vilão”.
QUEM MAIS SE OPÕE À LIBERDADE DE EXPRESSÃO HOJE, É QUEM MAIS PRECISA DELA
No segundo painel, Fernando Schuler, Leandro Narloch e Hélio Beltrão abordaram “Liberdade de Expressão”. Hélio abriu o bate-papo falando sobre a censura que vem do Estado, e que esse ataque está chegando “até mesmo nas pessoas de bom senso”, algo altamente perigoso.
Leandro Narloch citou as minorias e ativistas, analisando a ação desses grupos e sua contribuição para o ataque à liberdade de expressão. “Essa oposição, as minorias que têm causas – que por vezes são legítimas-, são quem mais se opõe à liberdade de expressão. E, ao mesmo tempo, são quem mais precisa dela”. Segundo o jornalista, outro perigo da censura e do não-debate, são ideias que, ao não serem questionadas ou confrontadas, tornam-se políticas públicas não eficazes.
O cientista político Fernando Schuler, abordou o inquérito das fake News, e afirmou: deixou de ser um inquérito, e passou a ser uma política de estado, de controle da opinião”. “Tem muita gente com medo no Brasil”, alertou.
PERSPECTIVAS DA LIBERDADE NA AMÉRICA LATINA
O painel sobre perspectivas da Liberdade na América Latina recebeu Axel Kaiser, Glória Alvarez e Roberto Rachewsky para uma conversa com Marize Schons. Abrindo o debate, os participantes falaram sobre os motivos para a esquerda “triunfar” não só na América Latina, mas no mundo.
Para Roberto, o Brasil é um país socialista, onde os direitos individuais são muito pouco reconhecidos. E, quando o são, acabam sendo atacados pelas mesmas instituições que deveriam defendê-los. Rachewsky opinou que “temos uma constituição e instituições esquizofrênicas, onde nossos direitos são defendidos e violados ao mesmo tempo”.
Glória afirmou que a mentalidade coletivista da América Latina prevê que “a liberdade está abaixo dos líderes, da obediência, e do bem comum”. Para a cientista política, estamos condicionados psicologicamente a acreditar que somos vítimas, e que o indivíduo não tem valor. Esse pensamento seria um dos estopins, além das questões geopolíticas, para o sucesso do discurso esquerdista.
O historiador Rainer Zitelmann falou sobre capitalismo e mercado, fazendo analogias sobre os malefícios e fracassos do comunismo. Questionado sobre “ter mudado de ideia” em determinado momento de sua vida, o historiador dividiu um fato interessante: em sua adolescência e início da vida adulta, Rainer era socialista. “Eu até mesmo fundei uma célula vermelha na escola”. Ele explicou que a mudança foi motivada por anos de estudo e mais maturidade/entendimento.
“Eu não acordei da noite para o dia e entendi o capitalismo. Foram 10 anos estudando história e política, fiz dois doutorados, sendo um deles sobre as políticas de Hitler”, contou.
A Conferência ainda contou com uma palestra de Tom Palmer e um painel sobre o Judiciário, com Modesto Carvalhosa, Thaméa Danelon e Ludmila Lins Grilo.