O chamado “distritão“ foi aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados, responsável por analisar a reforma política. Foram 17 votos a favor e 15 contrários à proposta, que passaria a valer para as eleições de deputados no ano que vem e de vereadores em 2020. A ideia inicial era que o “distritão” fosse usado apenas como um sistema de transição para o distrital misto em 2022. No entanto, há um movimento no congresso para transformá-lo em um modelo definitivo. Para que entrem em vigor, as propostas devem ser aprovadas em plenário na Câmara e no Senado.
Para o cientista político Jairo Nicolau, o momento conturbado pelo qual passa o país inviabiliza uma discussão profunda sobre a reforma política. Ele acredita que o Brasil precisa se preparar para as eleições de 2018, e somente depois do voto popular, quando a sensação de legitimidade política estiver restaurada, encarar mudanças substanciais como a do sistema eleitoral e dos métodos de financiamento de campanha. Assista:
Veja o que dizem os especialistas e colaboradores do Instituto Millenium sobre a adoção do “distritão”:
“Para se atingir o sistema ideal — o sistema distrital misto semelhante ao da Alemanha — defendo que o ‘distritão’ vigore em 2018 e que, em 2019, se definam os distritos, com base nos municípios existentes no país, e entre em vigor o novo regime nas eleições de 2022.” Leia “Em busca do voto distrital misto“, por Murillo de Aragão.
“Apresentado como remédio para combater o ‘fenômeno Tiririca’ e, eventualmente, reduzir o excessivo número de partidos, o ‘distritão’ tende a gerar efeito inverso, transformando o parlamento num autêntico ‘tiriricão’. Leia “Tiriricão“, por Oscar Vilhena.
“Se a liberdade garantida do Aiatolula não passa de um bode malcheiroso, o distritão e o financiamento exclusivo de campanhas por bilhões do erário são o paraíso que os alvos da Lava Jato – os suspeitos, quem delinquiu, mas não foi revelado, e quem não caiu na tentação por não saber que aqui o crime compensa, sim, e muito – estão dispostos a fundar com números próximos da unanimidade”. Leia “Com bolsa voto e sem Lava Jato“, por José Nêumanne Pinto.
“O distritão – termo que, por sinal, não me agrada – serviria para, naturalmente, criar uma cláusula de barreira, com a eliminação gradativa de “legendas comerciais” para concessão, mediante espúrios acordos, de benesses variadas”. Leia “Distritão“, por Ives Gandra.
O jornal “Estado de S. Paulo” preparou um vídeo explicando os diferentes modelos de sistema eleitoral:
O “Politize!” também tem uma versão com informações sobre os modelos:
Luiz Felipe d’Ávila defende o voto distrital
O voto distrital é o tema do quarto vídeo da série “Soluções para o Brasil”, apresentada pelo diretor-presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), o cientista político Luiz Felipe d’Avila. O cientista político defende a aproximação do eleitor com seu representante através de uma reforma do sistema eleitoral.
Luiz Felipe explica que nesse novo modelo os estados serão divididos em distritos, que teriam apenas um candidato de cada partido. Segundo ele, isso contribuiria para uma relação mais atuante dos eleitores, que saberiam quem foi o candidato eleito na sua região, podendo acompanhar mais de perto o seu mandato.
“Se não empoderarmos o eleitor continuaremos tendo um Estado distante da sociedade”, conclui.
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