Você ainda não entende a necessidade de reformar a Previdência Social brasileira? Tudo bem, a propaganda de setores privilegiados pelo atual sistema tem sido forte e eficiente, especialmente por 2018 ser ano eleitoral. Mas basta uns minutos de sua atenção para entender que a conta não fecha. Fatores como o envelhecimento da população brasileira e o aumento de sua expectativa de vida, os privilégios dos funcionários públicos e a falta de uma idade mínima dos trabalhadores do setor privado para a aposentadoria, por exemplo, são alguns dos pontos que precisam ser revistos pela legislação. Caso contrário, a contribuição dos jovens, no futuro, tomará deles, via impostos, quase a totalidade de seus salários para a manutenção dos privilégios de alguns. Também vale lembrar que, de acordo com o relator da reforma na Câmara, deputado Arthur Maia, os gastos previdenciários podem tomar 82% do Orçamento Geral da União até 2024. Ou seja, vai faltar dinheiro para os gastos essenciais.
Para esclarecer as principais questões da proposta que está prevista para ser votada pelo Congresso Nacional no dia 19 de fevereiro, o Instituto Millenium entrevistou o economista José Márcio Camargo, Ph.D. pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Camargo explica a necessidade da alteração nas regras da Previdência que, para ele, “é o maior programa de transferência de pobre para rico do mundo”:
“Vai ter que fazer uma reforma, não tem jeito. Se não fizer uma reforma, daqui a 10 anos não vai sobrar dinheiro para educação, saúde, gastos de manutenção do Estado etc. Alguma coisa vai ter que ser feita. Ou então, vão ter que aumentar os impostos sistematicamente. Quanto mais tempo demorar para fazer a reforma, mais drástica ela vai ter que ser para colocar as coisas no lugar”, alerta. Assista à entrevista:
SAIBA MAIS
Dezenas de instituições se juntaram em uma força-tarefa para conscientizar os parlamentares e a população sobre a importância de aprovar a reforma. O Instituto Millenium é um dos apoiadores da causa, ao lado de entidades como o Centro de Liderança Pública (CLP), o Movimento Brasil Competitivo, o Grupo de Líderes Empresariais e a XP Investimentos. Na internet, o movimento “Apoie a Reforma” divulga textos e vídeos esclarecendo os internautas sobre o que muda com a proposta, a sua necessidade para a saúde fiscal do país, além de desmentir as “fake news” que surgem em torno do projeto.
Ouça mais abaixo!
“Solange Srour analisa as consequências para o Brasil caso a reforma não seja aprovada”
Marcelo Caetano, secretário da Previdência Social: “A reforma é necessária e urgente”
“O Instituto Millenium acha importante identificar as leis que mantêm a nossa sociedade funcionando com equilíbrio. No momento, sem mudar as regras da Previdência e chegar ao equilíbrio fiscal, a próxima geração de brasileiros não receberá aposentadoria. Os estados estão falindo por conta deste desequilíbrio. Como assegurar regras iguais para todos?”, questiona Priscila Pereira Pinto, CEO do Imil, ressaltando que os cidadãos também podem fazer sua parte, pressionando os deputados através das redes sociais.
Veja mais:
Luiz Felipe D’Ávila: “Precisamos acabar com o Brasil dos privilégios”
A pavorosa situação fiscal do governo brasileiro – em dois gráficos
O lobby dos servidores contra a reforma da Previdência
Um dos principais objetivos é mostrar para a população que a reforma da Previdência promove a igualdade na medida que ataca os privilégios de uma parcela da população, como políticos, juízes e funcionários públicos de alto escalão, que se aposentam precocemente, com valores elevados, diferente da maioria dos brasileiros, que recebe menos e contribui por mais tempo. De acordo com o movimento “Apoie a Reforma”, atualmente, 1 milhão de servidores federais recebem mais que 33 milhões de trabalhadores da iniciativa privada.
Segundo o site oficial do governo, em 2016, o déficit previdenciário atingiu R$ 227 bilhões, e a previsão para 2017 era de que o rombo ultrapassasse os R$ 260 bilhões, mostrando que o total de cidadãos que contribuem não é suficiente para arcar com os gastos dos que já estão aposentados e recebem benefícios.
Quer entender melhor sobre a urgência da reforma da Previdência? Assista ao hangout com Vítor Wilher, Pedro Nery e Paulo Tafner:
One Comment