Que valores compõem as marcas da nova geração? A Interbrand se dedica diariamente a essa questão, funcionando como consultoria de branding para novas empresas e também para aquelas que querem renovar sua identidade. A empresa atende desde negócios tradicionais a startups e instituições como times de futebol – recentemente comandou a atualização de marca da Juventus, time de futebol italiano onde joga Cristiano Ronaldo.
Para a consultoria, atuar no futuro que se desenha, globalizado e com alto nível de engajamento, exige das novas empresas entregar valor não só de negócio, mas de vida para seus públicos. “Achamos que as marcas ajudam as pessoas a fazer a melhores escolhas, a se posicionar como indivíduos e cidadãos”, explica Danielle Bianchi, diretora da Interbrand no Brasil. Ou seja, não basta oferecer uma tecnologia inovadora se ela não trouxer um benefício real e tangível para as pessoas.
Para traçar o atual estado do mercado de startups, a Interbrand identificou, no estudo Breakthrough Brands (Algo como ”Marcas que trazem avanços”) os negócios que melhor entendem essa proposta e conseguem não só crescer com eficiência como também mudar a vida de um número significativo de pessoas.
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O filtro usado pela empresa para chegar à lista final foi o que ela chama de “força de marca”. “É o que mostra a capacidade de uma marca continuar gerando valor no futuro. Isso envolve dimensões internas e externas, entre as quais privilegiamos clareza, relevância, diferenciação no mercado, presença em diferentes lugares e engajamento com o público”, descreve Danielle.
Ao final do levantamento, a empresa chegou a 40 marcas, e a executiva mostrou as principais delas durante sua apresentação no Festival de Inovação e Cultura Empreendedora (FICE 2018). Elas foram separadas pelo tipo de valor que agregam, e há inclusive uma brasileira na lista.
Confira:
Futuro do trabalho
Rivigo (Índia): Empresa de entregas em um país superpopuloso, a Rivigo construiu seu valor em torno dos motoristas de caminhões. Além da renda, a companhia ajuda suas famílias a acessar serviços básicos como saúde e educação, transformando seus próprios agentes em público fiel. Assim, quase não tem problemas com turnover.
Samasource (Estados Unidos): A startup foca sua atuação em comunidades carentes para recrutar digitalmente as pessoas e dar a elas plano de carreira e expectativa de futuro. Criada no Vale do Silício, tem atuação no Quênia e na Índia, e garante já ter tirado 50 mil pessoas debaixo da linha da pobreza.
Ultra Testing (Estados Unidos): A startup valida hardwares e softwares de variados tipos, e identificou que pessoas com autismo são capazes de identificar problemas que as outras muitas vezes não observariam. Assim, promove a inclusão desses profissionais no mercado de trabalho em um serviço tecnológico de ponta.
Viver com qualidade, e não apenas sobreviver
Thalmic Labs (Canadá): Cria gadgets (dispositivos eletrônicos vestíveis) para pessoas amputadas, com deficiência ou mesmo que precisem de alguma comunicação extra com aparelhos eletrônicos.
Thrive Global (Estados Unidos): Plataforma de conteúdo e contato para pessoas que sofrem de estresse agudo e síndrome de burnout. Com textos de celebridades que já passaram pelo problema, como Ariana Huffington, integra as pessoas em uma comunidade inclusiva com foco na prevenção e controle de danos.
Verily (Estados Unidos): empresa da Alphabet que cria soluções em saúde como uma pulseira que mede sinais vitais. Aliada a uma lente inteligente para os olhos, por exemplo, ela monitora pessoas com glaucoma avisando quando a pressão ocular está muito alta.
Inteligência real e artificial
Nexar (Israel): Ajuda a prevenir acidentes de trânsito com as câmeras dos smartphones. Basta fixar o aparelho no painel do veículo e o software detecta movimento à frente do carro, avisando o motorista quando há iminência de qualquer acidente.
Mobilidade e significado
Unu (Alemanha): Fornece scooters elétricas sob medida mais baratas do que os modelos que usam combustíveis fósseis. Sem necessidade de estoque, a empresa entrega a scooter em peças para os clientes, e assim evita custos como estoque e intermediários na venda.
Investindo na vida
Lemonade (Estados Unidos): A corretora de seguros via aplicativo propõe facilidade e redução de custos para os clientes. Se o seguro não é acionado, o dinheiro é devolvido aos usuários, e parte pode ser direcionada a ONGs parceiras da plataforma.
Ellevest (Estados Unidos): Planejamento financeiro focado em mulheres. A startup promete colocar no planejamento as necessidades e especificidades das carreiras de mulheres, como licença-maternidade, além de considerar que o auge da carreira virá em um momento diferente do que o dos homens (algo que costuma acontecer, de acordo com a empresa). Assim, pretende calcular investimentos mais certeiros no longo prazo.
Saúde 2.0
Babylon (Reino Unido): Conecta médicos e pacientes de forma ágil, com atendimentos online nos casos mais simples, ou presencialmente indicando o posto mais próximo da residência da pessoa. Também enviam pedidos de medicamentos diretamente a farmácias escolhidas pelos pacientes e dão instruções para procedimentos simples, como medição do nível de glicose no sangue.
Dr. Consulta (Brasil): Única brasileira da lista, também tem como proposta de valor facilitar o acesso a serviços de saúde para quem não tem convênio médico.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”