A crise econômica só piorou a situação já dramática da inadimplência no Brasil. Hoje, o país conta com 65 milhões de pessoas negativadas, que não encontram formas simples de conseguirem renegociar suas dívidas e voltarem a ter o nome limpo.
Onde há dor, há espaço para a criação de novos negócios. A plataforma digital BLU365, antes conhecida como Kitado, nasceu para ajudar instituições financeiras e prestadoras de serviços a alcançar clientes inadimplentes – e, por outro lado, ajudar tais consumidores a resolverem sua vida financeira.
Mensalmente, a startup atende 45 mil famílias e renegocia 40 milhões de reais em dívidas. Hoje, já fechou parcerias com importantes players do setor, como o Itaú Unibanco.
Ideia de negócio
Os empreendedores por trás da BLU365 são o engenheiro de computação Alexandre Lara e o estatístico Paulo de Cássio. “A gente navegou na área financeira em nossa carreira e vimos algumas dores na relação dos clientes com sua vida financeira”, afirma Lara.
Eles perceberam que, em um período de crise, há uma boa parcela da população com dificuldades orçamentárias. “Hoje o país possui 65 milhões de pessoas negativadas, o que az da inadimplência um problema social.”
O trabalho de reorganização das contas é complexo e, diante de uma falta de atendimento consultivo dos bancos, tais pessoas não sabem de alternativas para reaver seus controles financeiros. Para prestar essa consultoria nasceu a Kitado (agora BLU365), em fevereiro de 2014.
“Nós nos apresentamos como parceiros. Poucos bancos e prestadoras de serviço se interessam por esse mercado, mas a gente tem mostrado que logo esses consumidores voltarão a ser clientes.”
No caso de uma prestadora de serviços de telefonia e televisão atendida pela BLU365, por exemplo, 8% dos clientes antes negativados procuraram a startup para reativar os serviços de TV por assinatura.
Diferencial de atendimento
A BLU365 se posiciona não apenas como um serviço financeiro, mas como uma startup de relacionamento com os negativados.
O primeiro passo é encontrar o cliente negativado e gerar um contato com ele, afirma Lara. Para isso, a startup entende os hábitos digitais do consumidores – como redes de preferência – esse apresenta de forma 100% online, intitulando-se um parceiro.
Para entender esse comportamento do público-alvo, a BLU365 incorporado conceitos como inteligëncia artificial e machine learning: os “robozinhos” do negócio catalogam e interpretam conteúdos e informações geradas pelo usuário antes e durante as conversas com ele – obviamente que, após o próprio usuário começar a falar diretamente com o negócio, a abordagem fica bem mais eficiente.
Após esse contato, o segundo momento é de engajamento. “Nossa conversa tem de ser muito boa e relevante, com um nível de confiança alto a ponto de ele nos procurar para fazer o pagamento. Para isso, oferecemos facilidades gratuitas, como um canal no YouTube, ações offline em comunidades e apresentação de nossos parceiros de renda extra.”
Um exemplo de parceiro é a startup DogHero, na qual o usuário pode se tornar um anfitrião de pets em sua casa, em troca de dinheiro dos donos. Depois de quatro meses, 30% dos clientes atendidos pela BLU365 que usaram o DogHero continuam sendo anfitriões.
Fonte: “Exame”
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