Diz a lenda que, com Zé Dirceu cassado pelo mensalão, Lula escolheu Antonio Palocci como candidato a seu sucessor em 2010. Um quadro político de alto nível, com credibilidade, moderação e sucesso no comando da economia.
Não era um poste ou um burocrata, mas um político experiente, respeitado e eficiente, que amadureceu e cresceu no poder. Uma ameaça aos radicais do PT e aos fisiológicos do PMDB, Palocci representava o melhor do governo Lula, sua continuidade e avanço. Dele se poderia esperar decência, competência e respeito à democracia e às liberdades, e que não trataria a oposição como inimiga.
A candidatura de Palocci provocaria entusiasmo até entre oposicionistas, colocando em polvorosa o ninho tucano.
Quem poderia enfrentá-lo com mínimas chances? Se levasse uma chinelada de Lula em 2006, Alckmin não teria apetite nem cacife para enfrentar um Palocci popular e articulado, turbinado pela popularidade de Lula, em 2010.
Nem Serra, que preferiria se reeleger governador sem sair de casa, continuar sua ótima administração e encerrar uma brilhante carreira política. Alckmin seria o senador mais votado do Brasil.
Para enfrentar Palocci, só alguém que representasse a novidade, a confiança e a esperança ao mesmo tempo, fora da chatice do velho centro de poder paulista. Como Aécio Neves, o governador mais popular do país, com sua história vitoriosa, sua linhagem política e sua juventude. Na oposição, só ele poderia encarnar com credibilidade o pós-Lula e empolgar como possibilidade real de um Brasil melhor. Com crescimento e justiça social, mas sem mensaleiros e aloprados, sem aparelhamento do Estado e complacência com tiranos e corruptos amigos.
Se Deus fosse mesmo brasileiro, o segundo turno seria disputado por Antonio Palocci pelo PT-PMDB e Aécio Neves pelo PSDB-DEM. Os búzios, as cartas, os astros e todas as pesquisas teriam dificuldades de prever o resultado, mas seriam unânimes em apontar o vencedor: o Brasil.
Mas como não é brasileiro, e nunca na história deste país teve o seu santo nome tão usado em vão, Deus criou o caseiro Francenildo e nos deu Dilma e Serra.
Fonte: Jornal “O Globo” – 29/10/10
Bem, acho besteira “culpar” Deus pelos erros de Palocci, também acho estranho achar que o Brasil sairia ganhando com alguém que tem a capacidade de violar sigilos para se safar de acusações.
Logo seria mais coerente acusar Deus pelo fato de Palocci não saber se portar como um democrata. Mas como acredito no livre arbítrio, é pura sacanagem jogar nas costas de Deus o desvio de caráter do então Ministro-Todo poderoso.