Foi simpática a visita que fiz à Universidade Aberta Livre de Bruxelas, em companhia do Embaixador do Brasil na Bélgica, diplomata e escritor André Amado. O objetivo era uma útil troca de ideias sobre as experiências em curso, nos dois países, sobre a utilização da Educação à Distância (EAD).
Recebido pelos especialistas belgas Eric Uyttebrouck e Ariane Bachelart, tive o ensejo de conhecer em profundidade as atividades da Université Libre de Bruxelles, em especial do seu CTE — Centre das Technologias au Service de L’Enseignement.
É interessante observar como uma instituição criada em 1834 lida, de forma competente, com os mecanismos da modernidade e hoje tem cerca de 25 mil estudantes (boa parte estrangeiros), além de 40 programas de bacharelado e 235 de mestrado. Promove 160 doutoramentos por ano. Desde o início predomina na instituição a preocupação com a liberdade acadêmica, refletida no lema Scientia Vincere Tenebras (Ciência vence as trevas).
PRAC-TICE é o nome do setor que cuida dos professores, ajudando a melhorar a sua atuação. Promove o acompanhamento individual ou coletivo dos mestres.
A ULB acredita muito na eficácia dos Moocs (Massive Open Online Courses). Realiza cursos de inglês para todos e desenvolve outros para oferecer aos seus alunos. O acrônimo Mooc designa um curso inteiramente disponível online, com atividades, deveres e avaliações não valorizados em termos de créditos e abertos a todos, sem limitações. Utiliza métodos mistos e valoriza a pesquisa científica.
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Na ULB, os Moocs oferecem cursos de Introdução à Economia e Regulação de Serviços Públicos, Métodos de Investigação e de Pesquisa e Neurociência Cognitiva Auditiva. Este último é uma parceria com a Universidade de Genebra e a Universidade de Montreal. São cursos disponíveis online e gratuitos. A missão é promover a emancipação social e a cooperação na tarefa comum do desenvolvimento. Deseja-se a melhoria do ensino através dessa prática.
Aprendemos na ULB, em Bruxelas, a valorizar os chamados vídeos pedagógicos. São utilizadas técnicas dinâmicas de aprendizagem, com os seguintes objetivos: 1) ajudar a aprendizagem dos estudantes; 2) desenvolver profissionalmente os professores; 3) promover inovações pedagógicas.
Isso favorece a autonomia dos professores e integra a tecnologia aos seus milhares de utilizadores, num país como a Bélgica, de 10 milhões de habitantes, aos quais a ULB, com qualidade, oferece cursos como os de Ciências, Teleinformação, Jornalismo, Medicina, Management, Matemática Aplicada à Economia, Física, Química, Turismo, Informática, Engenharia, Direito, Arquitetura, Línguas e Literaturas Romanas, Educação etc.
Além desses, há outros bem concorridos, com os bacharelados em História, Filosofia, Arte e Arqueologia, Línguas e Letras Antigas (cultura greco-romana), Línguas e Letras Modernas etc.
Há uma nítida influência da França na cultura belga e isso pode ser observado na oferta de cursos, embora não se deva desprezar a atenção dada também à língua alemã e às línguas eslavas (Rússia, Polônia, República Tcheca), sendo a ULB a única Universidade da Bélgica a oferecer tal tipo de abertura.
É uma instituição de acentuado peso cultural.
Fonte: O Globo, 27/7/2015
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