Por David Menezes*
Agora que a Copa do Mundo de Futebol, realizada com grande custo operacional, financeiro e mortes de operários, terminou, é bom que se analise como uma competição, importante, não há dúvidas nisso, mas sem cabimento em ser realizada no Brasil ou em outro país que esteja com graves e urgentíssimos projetos vitais para o bom funcionamento de uma nação, foi levada até o fim, com todos os gastos que sabemos ( construção e reforma de estádios, infra-estrutura logística para a realização da competição, acomodações das delegações classificadas para o Mundial, etc. ), e outros tantos gastos mais, sem ter condições financeiras para isso.
Ora, sabemos que o país enfrenta já uma crise econômica, inflação maqueada e ascendente, hospitais com déficits de vagas, profissionais mal preparados e remunerados, tudo isso resultado da falta de planejamento geracional, logístico, o que só poderia provocar mais problemas.
O Brasil faz parte dos países que compõe o Brics (Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul ), e tem a taxa de crescimento mais baixa dos cinco países, com uma previsão anual de pouco mais de 1% enquanto a China está com previsão acima de 8% ao ano.
Tínhamos e temos urgências em vários setores, como os citados acima, não cabia a este país sediar uma Copa do Mundo, isso, claro, já foi dito por muitas pessoas atentas aos problemas nacionais, mais é importante lembrar que logo após a confirmação que o Brasil sediaria a Copa de 2014, muitos aplaudiram, talvez acreditando na ilusão que isso traria muitas divisas, dinheiro ao país, mas já era previsível que ocorresse o contrário.
Agora, passada a competição, onde se confirmou o que muitos já esperavam, incluindo eu mesmo, que o prejuízo seria muito maior que o lucro, e todo o caos sócio-econômico-hospitalar-educacional-tributário, segue aumentando, incluindo aí a (in)segurança pública, é hora de pensarmos com muito cuidado nas próximas eleições, analisando calmamente todos os candidatos em todos os níveis que aí se apresentam.
Todas as políticas, sejam públicas ou privadas, dependem do que é ditado pelo Executivo e Legislativo.
Se teremos mais participação privada nas decisões nacionais ou não, depende de quem esteja no poder e qual política siga.
O mesmo serve também para as políticas públicas, logo, se faz necessário que haja uma avaliação profunda por parte do eleitor nas suas escolhas na hora de votar.
Um país para crescer precisa de investimentos, privados em tudo que não é público ( podendo, claro, participar também nos setores públicos ), e ao governo, investir em tudo que é público, desde que exista caixa para isso, sempre buscando parcerias com os setores privados.
Só assim poderemos voltar a crescer, não só dentro do Brics, mas também de forma que toda a sociedade seja participante ativa neste crescimento e receba a sua parte do que for conquistado.
Caso contrário, será o caminho para o buraco, o que pode nos levar novamente aos patamares dos anos 80, quando a economia do Brasil caiu vertiginosamente.
Cada queda, leva anos para se reerguer e a sociedade brasileira não pode mais se dar ao luxo de ficar para trás novamente, tentando desesperadamente alcançar aqueles que já estão bem a frente na corrida econômica mundial que premia sempre os países mais organizados, livres, pluralistas, atuantes e que tem políticas sérias, participativas em conjunto com a livre iniciativa.
*David Menezes é jornalista.
No Comment! Be the first one.