Corrupção e suborno foram citados como ameaça aos negócios por 83% dos executivos brasileiros ouvidos na pesquisa anual da PricewaterhouseCoopers (PwC) com chefes de empresas de todo o mundo. O custo da energia apareceu em segundo lugar, mencionado por 74% dos entrevistados no Brasil, e a falta de confiança na atividade empresarial ficou em terceiro, apontado por 67%. As médias globais para cada um desses itens foram 55%, 52% e 55%.
[su_quote]O pessimismo dos brasileiros também se manifesta quando expõem seus planos para 2016[/su_quote]
Só 24% dos executivos brasileiros dizem confiar no crescimento de suas empresas neste ano. A média mundial é 35%. Além disso, apenas um terço dos dirigentes brasileiros afirma acreditar em mais oportunidades de crescimento hoje do que há três anos. Novamente o número dos confiantes ficou bem abaixo da média mundial, 60%.
A sondagem foi realizada em 83 países com 1.409 executivos principais de empresas. A divulgação da pesquisa pelo presidente mundial da PwC, Dennis M. Nally, é um tradicional evento paralelo à reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos e ocorreu nesta terça-feira, 19, pela 19ª vez.
O excesso de regulação foi indicado por 79% dos entrevistados em todo o mundo como a principal ameaça econômica, política e social ao crescimento das empresas. Apareceram em seguida a incerteza geopolítica (74%), a instabilidade cambial (73%), a escassez de habilidades essenciais (72%), a resposta dos governos ao déficit fiscal e ao endividamento público (71%).
Peso dos impostos, instabilidade social, riscos cibernético, mudanças do consumidor, falta de confiança nas empresas e problemas climáticos e ambientais completaram a lista, apontados por menos de 70% dos dirigentes de empresa. O último item, mudança climática e danos ambientais, foi mencionado por apenas 50% dos entrevistados como ameaça relevante.
Os executivos brasileiros mostraram-se mais otimistas que os demais na avaliação da economia mundial, mas bem menos animados quando responderam sobre as perspectivas de seu país e de suas empresas. O crescimento global deverá ser maior neste ano, segundo 39% dos brasileiros. Quando se considera a média geral das avaliações, essa opinião foi expressa por apenas 27% dos consultados. Para os brasileiros, os países mais importantes para a expansão de seus negócios neste ano são os Estados Unidos (59%), a China (39%) e a Argentina (20%).
O pessimismo dos brasileiros também se manifesta quando expõem seus planos para 2016. Quase todos os consultados (93%) disseram ter planos de redução de custos neste ano. Na media mundial, essa resposta foi apresentada por 68% dos executivos. Além disso, apenas 35% dos brasileiros indicaram a intenção de aumentar seus quadros de pessoal neste ano (contra 68% globalmente) e 30% disseram-se dispostos a demitir (média geral, 21%). Esses dados parecem confirmar a expectativa, declarada por vários economistas nas últimas semanas, de aumento do desemprego nos próximos meses. A taxa de desocupação, 9% no trimestre encerrado em outubro, poderá chegar a 10% ou mesmo 11% de acordo com avaliações desses analistas nos últimos dias.
Segundo 98% dos brasileiros, o governo foi incapaz de implantar um sistema tributário claro, estável e eficiente. Para 91%, o governo falhou na criação de uma força de trabalho capacitada e adaptável. Para 76%, um sistema tributário estável é mais importante que alíquotas baixas e impostos.
Embora menos que no Brasil, a preocupação com suborno e corrupção também tem crescido em outros países. Na média mundial, esse item foi apontado como um problema importante por 41% dos consultados em 2013. Essa parcela chegou a 52% em 2014, 51% em 2015 e 55% na sondagem de 2016.
Os dez países apontados como os mais atraentes (além do próprio) para investimentos foram Estados Unidos (39%), China (34%), Alemanha (19%), Reino Unido (11%), Índia (9%), Brasil (8%), Japão (5%), Rússia (5%), México (5%) e Emirados Árabes Unidos (5%).
Fonte: O Estado de S.Paulo, 19/01/2016.
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